Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

 :: PRINCIPAL :: Fanfics

Ir para baixo

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏ Empty Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

Mensagem por Maryah Sáb Abr 10, 2010 11:10 am

Pessoal! A Juliana, uma amiga minha, escreveu essa Fic no Ponto de Vista do Dimitri, da série de livros Vampire Academy. Eu já li, e fiquei com o coração na boca, está sublime.
Nós conversamos e ela pediu para que eu publicasse aqui a história. Espero que agradem a todos e boa Leitura!!!


=*


Última edição por Maryah em Sáb Abr 10, 2010 11:17 am, editado 1 vez(es)
Maryah
Maryah
Administradora
Administradora

Mensagens : 163
Data de inscrição : 05/01/2010
Idade : 33
Localização : Florianópolis-SC

https://anjos-caidos.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏ Empty Re: Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

Mensagem por Maryah Sáb Abr 10, 2010 11:13 am

Vampire Academy – Dimitri Belikov – By Juliana Toledo
UM
A noite estava excepcionalmente quente em Portland, fui mandado para uma missão de procura e busca de duas garotinhas fugitivas da Academia St. Vladimir, e dessa vez parecia que eu estava realmente perto. Quando finalmente descobri o paradeiro das duas organizei um resgate com outros guardiões, para levá-las de volta ao lugar onde jamais deveriam ter saído.
Olhei pela janela de uma casa e percebi que as duas ainda dormiam. Eram quase 3 da manhã quando ouvi uma movimentação, uma delas acordou chorando, era ela, a Princesa Vasilisa, uma moroi da realeza que tinha perdido a família em um acidente terrível. A outra garota se chamava Rosemarie Hathaway, percebi que ela pulou da cama e correu até a princesa, começou a sacudi-la e pedir que acordasse. Com certeza era algum pesadelo ruim. Pelos cuidados que Rosemarie tinha com a Princesa logo percebi que elas deveriam ser bem amigas, quase irmãs, algo que ultrapassasse a relação profissional de dhampirs e morois.
Quando Vasilisa acordou, Rosemarie acendeu um abajour que ficava em um criado-mudo próximo. Eu sabia que elas não estavam realmente precisando. Nós dhampirs tínhamos algumas habilidades especiais herdadas de nossos pais morois. Dhampir ou Zamphir são híbridos de humanos com vampiros. Temos quase as mesmas habilidades que um vampiro, porém não somos sensíveis a luz solar e nos alimentamos de comida humana. Por causa disso, somos guardiões, nascemos com a habilidade de matar vampiros, portanto protegemos os nossos Morois. Era isso que a Princesa Dragomir era, uma Moroi, são vampiros mortais, se alimentam de sangue e utilizam magia através de quatro elementos, água, ar, fogo e terra. Um Moroi se alimenta de sangue, porém jamais mata suas vítimas. Um Moroi que mata suas vítimas se transforma em um vampiro imortal conhecido por Strigoi, que só morrem se forem queimados, decapitados, ou através de uma estaca de prata no
coração. E é por isso que nós Dhampirs treinamos desde cedo, para matar e acabar com cada criatura maligna que atravessar nossa frente, protegendo nossos Morois e assim preservando nossa própria espécie. Devido a alguma aberração genética, um casal dhampir não consegue ter filhos. Nós precisamos de um Moroi para que nossa espécie não caia na extinção, e eles precisam de nós, pois hoje em dia não sabem mais se defender sozinhos.
Rosemarie, assim como eu, era uma dhampir. Ela não era alta e nem baixa, tinha cabelos e olhos escuros, seu corpo se destacava mais que o corpo de qualquer garota moroi e inclusive do corpo de algumas dhampirs.
Vasilisa era o oposto. Assim como todo Moroi era pálida e bem magra, loira de olhos verdes.
Assim que percebi que elas estavam bem acordadas avisei os outros onze guardiões pelo rádio e continuei observando.
Depois de dois anos, finalmente as encontramos. Minha mente voltou para a primeira desaparição. Ninguém podia acreditar. Todos pensavam que Rosemarie havia seqüestrado Vasilisa. Observando-as agora, eu não tinha tanta certeza. Vasilisa teve muitas chances de escapar de Rosemarie. Não. Ela ficou de bom grado, e por vontade própria. Todos na Academia estavam convencidos que Rosemarie poderia evitar a punição que teria quando retornasse. Mas ela não parecia querer evitá-la, na verdade nem parecia querer retornar.
Eu me lembro de ter conversado com os alunos mais novos tentando obter informações de duas semanas antes de elas desaparecerem. Tinham me transferido para ser guardião de Vasilisa depois que meu prometido anterior havia sido morto, portanto eu não as conhecia muito bem. Os alunos diziam que era surpreendente elas terem fugido. Ninguém sabia qual a razão. Todos falavam como Rosemarie era bonita, ela parecia ter uma natureza selvagem e incontrolável. Já a Princesa Dragomir sempre foi muito popular, era agradável e as pessoas gostavam de ficar perto dela. Aparentemente, elas faziam uma boa dupla.
Quando fitei novamente as duas pela janela percebi que estavam conversando sobre algo e no momento Rosemarie se colocou em uma posição que deixou seu pescoço exposto para Princesa. Por um segundo eu fiquei confuso. Rosemarie estava deixando Vasilisa beber seu sangue? Eu estava chocado. Finalmente confirmei minhas suspeitas: Rosemarie e a Princesa eram muito, muito amigas. Apenas um sentimento muito forte faria com que um dhampir se tornasse alimentador de um moroi. E Rosemarie estava disposta a ser a alimentadora de sua melhor amiga. Isso me fez perceber que Rosemarie não havia raptado Vasilisa.
Quando acabou Rosemarie voltou para cama, seus olhos estavam brilhando e apenas de observá-la eu podia sentir a paz que aquela mordida emanava de seu corpo. As mordidas de um moroi liberam endorfina e adrenalina, dando uma sensação de prazer intenso para o alimentador. Por isso diversos humanos são alimentadores por vontade própria, mas um dhampir não, existia uma tabu em nossa sociedade, que uma dhampir que se sujeitasse a isso, era reconhecida como meretriz de sangue, principalmente quando o ato era consumado durante o sexo.
Vasilisa deixou o quarto com um olhar preocupado para a amiga.
Um gato preto que estava na janela observando a noite, eriçou seus pêlos quando percebeu minha presença. Rosemarie observando-o veio até a janela. O gato parecia não gostar dela e muito menos de mim, mesmo assim eu ainda os considerava criaturas incríveis e enigmáticas. Ele se manteve por perto.
Rosemarie deu uma boa olhada na área enquanto uma leve brisa de verão arrepiava seus cabelos. Ela observava atentamente a vizinhança e o jardim da casa. Eu sabia que ela poderia ver algumas sombras das árvores e arbustos. De repente seus olhos passaram por mim, imediatamente ela se jogou para trás surpresa. Outro guardião apareceu e nos escondemos entre as sombras. Eu
liguei para os outros e pedi que se preparassem. Eu não tinha dúvidas que elas fossem tentar fugir agora. De novo.
Um guardião pediu minha atenção. ―Belikov,‖ ele disse. ―A Princesa Dragomir e Hathaway irão fugir novamente. Elas estão roubando um carro a algumas quadras daqui‖
Eu fiz um aceno com a cabeça. ―Isso é o que vamos ver. Seis de vocês permaneçam aqui atrás, vocês dois fiquem de olho em Vasilisa, e os outros três permaneçam com seus seis olhos bem abertos em Rosemarie. Eu estarei esperando as duas perto do carro. A Rosemarie é a única que devemos ter cuidado, ela vai lutar, Vasilisa não‖. Eles concordaram e seguiram para suas posições
Menos de 5 minutos depois, Vasilisa e Rosemarie saíram da casa. Rosemarie estava se apoiando na princesa, pois provavelmente ainda estava sob o efeito da mordida.
Vasilisa olhou preocupada, mas se acalmou quando Rosemarie falou com ela. Percebi o quanto havia de lealdade ali, com toda certeza uma confiava bastante na outra.
Faltando dois quarteirões de distância Vasilisa ouviu passos atrás delas. Ela e Rosemarie começaram a correr. Os guardiões aceleraram para conseguir alcançá-las. Quando elas estavam há uns 3 metros do carro eu apareci.
Elas pararam de andar bruscamente, Rosemarie jogou Vasilisa para trás de seus braços, tentando mantê-la afastada de mim. Alguns dos guardiões diminuíram os passos, e outros apareceram ao seu lado. Eu vi Rosemarie encará-los. Pois é, não era muito comum haver 12 guardiões juntos. Nem a rainha viajava com tantos.
Seu olhar virou-se para mim, percebi que ela me fitava de cima a baixo, parecia estar me checando. Olhando pra ela percebi que aqueles alunos tinham razão: ela era realmente muito bonita.
Antes que eu conseguisse concluir meu pensamento sobre sua beleza ela se colocou em uma posição defensiva. Bonita e áspera.
―Deixem ela em paz‖ Rosemarie rosnou. ―Não toque nela‖.
Eu levantei minhas mãos tentando mantê-la calma. ―Eu não vou..‖ eu dei um passo para frente, Rosemarie me atacou.
Ela estava usando uma manobra ofensiva. Mas ao contrário dela eu já era formado e também era bem rápido. Rapidamente eu a nocauteie, não era a intenção bater tão forte, mas ela cambaleou para trás e ia caindo diretamente na calçada, parecia que estava sentindo muita dor. Tão rápido quanto meu nocaute eu a segurei e coloquei-a de pé. O que me chamou a atenção foi que seu pescoço ainda estava sangrando. Péssimo. Ela percebeu meu olhar e levou a mão ao pescoço. Ela viu o sangue e rapidamente tentou esconder a marca da mordida com o cabelo. Eu continuei olhando, seu pescoço coberto de feridas. Nossos olhos se cruzaram. Ela puxou seu braço e eu a soltei, se eu quisesse poderia continuar segurando-a, mas resolvi deixar pra lá. Ela não teria como fugir. Não agora.
Ela voltou para ficar ao lado de Vasilisa, parecia estar se preparando para outro ataque. Vasilisa agarrou a mão da amiga e disse serenamente: ―Rose.. não‖. Rose pelo jeito era seu apelido. Eu gostei do som, Rose, significava rosa, flor da virtude, e do pecado, amor intenso, em russo Roza.
De início nada aconteceu, Rose, resolveu sucumbir à derrota e se entregar. Confiante de que ela não iria tentar outra coisa, dei um passo à frente novamente. Voltei minha atenção para Vasilisa e fiz uma reverência. "Meu nome é Dimitri Belikov". Com certeza elas perceberiam o meu sotaque russo, uma característica bem marcante. "Eu vim para levá-la de volta à Academia St. Vladimir, Princesa."
DOIS
Levamos Rose e a princesa para o aeroporto, onde pegamos um jato particular da Academia. Antes de partirmos observei que Rose cochichava algo com Vasilisa, resolvi separá-las antes que ela sonhasse em escapar com a princesa novamente. ―Não deixem que elas falem uma com a outra‖ eu avisei o guardião que escoltava Rose até o fundo do avião. ―Cinco minutos juntas, e elas vão armar um plano de fuga.‖ Rose me lançou um olhar arrogante – confirmando a minha suspeita – saiu esbravejando pelo corredor.
Em breve estaríamos no ar, sorri aliviado para mim mesmo. Claro, havia pára-quedas no avião, mas ao menos que elas quisessem enfrentar as montanhas rochosas, eu tinha certeza que ficariam a bordo até que pousássemos em Montana.
Eu sentei ao lado de Vasilisa. Me inclinei para pegar alguns relatórios, meu cabelo caiu deixando minha nuca exposta, eu sabia que a Princesa poderia observar minhas seis marcas molnija – eram tatuagens dadas aos guardiões por matarem Strigoi. Ela pegou uma garrafa de água. Percebi que ela estava com bastante medo, espero que não seja por minha causa. Eu estava aqui para protegê-la, não assustá-la
Quando me reclinei dei a Vasilisa um sorriso breve. Folheei os relatórios que falavam um pouco sobre Rose. Eu estava curioso sobre aquela dhampir, sua atitude demonstrava o quanto ela deveria ser rebelde. Talvez uma causadora de problemas. Ela era respondona, incontrolável e brava. Mas ela também tinha certa classe, parecia diferenciada e determinada a lutar por aquilo que deseja.
Lendo o relatório, percebi que ela sempre esteve no meio de problemas: fugindo, bebendo e desrespeitando os outros, até mesmo alguns guardiões, que eram professores da St. Vladimir. Eu tenho o leve pressentimento de que a diretora Kirova não gosta muito dela.
Depois de observar sua dedicação e cuidado com a Princesa Vasilisa, eu estava convencido de que ela não era uma pessoa irresponsável como o relatório dizia.
Era improvável, embora inteiramente possível que ela e a princesa tinham algum vínculo. A maneira como uma se preocupava com a outra, e o fato de Rose estar disposta a se machucar para protegê-la, me deixou claro que aquele sentimento ultrapassava a amizade.
Quando estávamos quase no fim da viagem, fui sentar perto de Rose e troquei de lugar com um guardião que estava ao lado dela. Ela se virou, mostrando indignação com a minha presença e ficou olhando através da janela.
Depois de alguns tensos momentos de silencio eu perguntei: ―Você realmente ia atacar todos nós?‖ Ela não respondeu. Eu queria muito saber o que estava passando por aquela cabecinha maquiavélica, resolvi pegar leve para ver se tinha o mínimo de sua atenção. ―Fazendo isso... protegendo ela desse jeito – foi muito corajoso‖. Eu pausei. ―Estúpido, mas muito corajoso. Por que você ao menos tentou?‖ Eu queria uma resposta, mesmo que fosse grosseira. Odiava ser ignorado, ainda mais por uma adolescente que queria passar a impressão de uma rebelde sem causa, esperava que ela me respondesse.
Finalmente ela me fitou através daqueles olhos castanhos. Tirou o cabelo do rosto e me disse: ―Porque eu sou a guardiã dela.‖ E se virou novamente para janela
Quando ela se virou eu pude sentir o cheiro do seu shampoo. Era doce, me lembrava uma mistura de amora com baunilha e um leve tom de anis, o ácido das suas palavras equilibravam aquele cheiro adocicado que exalava das suas mexas, realmente um cheiro muito gostoso. Eu me repreendi mentalmente, não deveria pensar desse jeito em uma garota menor de idade. Percebi que era claro a sua atitude e vontade de ser uma guardiã, isso também foi algo que me impressionou bastante.
Esperei por mais alguma explicação, mas quando percebi que não teria nada além daquilo, levantei e fui para frente do avião novamente. “Porque eu sou a guardiã dela.” Sua resposta ecoava em minha mente. Ela obviamente parecia ser mais madura do que a idade física aparentava.
Quando pousamos no aeroporto, levamos Rose e Vasilisa para o carro. O condutor abriu o portão, falou com os guardas, e passamos por uma vistoria para entrar na Academia. Era perto do pôr-do-sol, o início de um dia vampiro, o campus estava coberto de sombras. A academia estava vazia, dispersa e gótica. Os Moroi eram bem tradicionais, nada havia mudado. Essa escola era construída da mesma maneira como as da Europa, mas não era tão velha. Os edifícios eram elaborados de forma ostentadora e com uma arquitetura vanguardista, com picos altos e cavernas de pedra.
Nós estávamos indo para o pátio superior, de um lado havia prédios acadêmicos e do outro os dormitórios dos dhampirs e o ginásio. Os dormitórios dos Moroi ficavam numa das outras extremidades, logo em frente encontrávamos os prédios administrativos e o pátio inferior.
Como estávamos em Montana, o Campus tinha bastante espaço a sua volta. O ar era fresco e cheirava pinheiro molhado e folhas secas.
Quando andamos pela parte superior do colégio, Rose fugiu do guardião que a escoltava e correu até mim. ―Hey Camarada‖ De onde ela tirou isso? Eu mantive meu passo e não olhei para ela. Se ela quisesse me ignorar eu poderia e principalmente deveria ignorá-la também. ―Você quer conversar agora?‖ Eu perguntei olhando para frente.
―Você está nos levando para a Kirova?‖ Ela perguntou.
―Diretora Kirova,‖ Eu a corrigi
―Diretora - O que seja. Ela ainda é uma velha hipócrita de uma figa – ―
Ela ficou calada quando passamos pelas portas duplas – entrando na área comum. Eu segurei um sorriso quando Rose deu um suspiro. Ela provavelmente pensou que isso era uma coisa muito cruel de se fazer, mas nós não iríamos gastar dois anos procurando por elas e simplesmente deixar que elas voltassem sem uma entrada triunfal.
Havia diversas maneiras de chegarmos ao escritório de Kirova, mas nós decidimos ir pela área comum. Era a hora do café da manhã. A vibração dos adolescentes era visível quando entramos. Muitos se virarão para olhar. Mas ninguém disse uma
palavra. Passamos por outro conjunto de portas e entramos no escritório da diretora Kirova. O Príncipe Victor Dashkov estava lá.
A maioria dos guardiões se retiraram. Apenas Alberta, a capitã dos guardiões da escola, e eu ficamos no escritório. Tomamos nossa posição próxima à parede, nossos rostos vazios de emoções, era essa a face de um guardião, com tempo, treino e um autocontrole imprescindível, era até fácil se manter assim.
A diretora Kirova focou seus olhos em Rose e Vasilisa, quando abriu a boca para começar um discurso, algo a interrompeu. ―Vasilisa‖, Príncipe Dashkov disse.
Vasilisa levantou-se num salto e correu até ele. Abraçando-o
―Titio‖. Ela sussurrou. Parecia que ela ia chorar, tamanha emoção.
Ele sorriu e deu um tapinha em suas costas. ―Você não tem idéia de como estou feliz por vê-la a salvo, Vasilisa‖ Ele olhou para Rose ― E você também Rose‖
Rose acenou de volta e tentou manter uma expressão serena, mas qualquer um poderia dizer que ela estava chocada com o estado de saúde de Victor, ele tinha uma doença que praticamente o definhava vivo, seu corpo envelhecia mais rápido do que sua idade. Ele não era tio de verdade da princesa, porém os moroi costumavam usar alguns termos familiares esquisitos, principalmente os moroi da realeza.
Kirova os deixou aproveitarem mais alguns minutos juntos, mas rigidamente, logo levou a princesa Dragomir de volta para seu lugar.
A diretora começou a falar quando percebeu que eu observava Rose. A dhampir ignorava Kirova completamente e parecia estar no mundo da lua. Quando ela citou o nome de Hathaway, ela resolveu voltar para o planeta terra e prestar atenção. ―Você, senhorita Hathaway, quebrou a mais sagrada promessa entre os de nossa espécie: a promessa de um guardião de proteger um Moroi. É um grande ato de confiança. A confiança que você violou egoisticamente ao levar a princesa daqui. Os Strigoi amariam acabar com os Dragomir; você quase os permitiu fazer isso.‖
―Rose não me raptou.‖ Vasilisa falou antes que Rose pudesse comentar algo. ―Eu quis ir. Não a culpe‖.
A Sra. Kirova demonstrou desaprovação com um ―Tsc Tsc‖.
―Srta. Dragomir, você pode ter sido aquela que orquestrou todo o plano pelo que eu saiba, mas ainda era a responsabilidade dela ter certeza de que você não levaria isso adiante. Se ela tivesse feito o seu trabalho, ela teria notificado alguém. Se ela tivesse cumprido com o seu dever, ela a manteria salva.‖
Rose bateu de frente: ―Eu cumpri com meu dever!‖ ela gritou pulando da cadeira. Alberta e eu hesitamos, mas não avançamos para contê-la. Se ela ficasse violenta... bem ai seria uma outra história. ―Eu a mantive salva! Eu a mantive salva quando nenhum de vocês” - ela moveu suas mãos pela sala – “pôde fazer isso. Eu a levei embora para protegê-la. Eu fiz o que eu tinha que fazer. Vocês certamente não iriam fazê-lo.‖
A diretora Kirova fitou Rose. ―Srta. Hathaway perdoe-me por não entender a lógica de como tirá-la de um ambiente altamente protegido e magicamente assegurado é protegê-la. A não ser que haja algo que você não esteja me contando.‖
Rose mordeu os lábios. É, isso é uma coisa que ela não deveria ter falado. Talvez não dessa maneira.
―Estou vendo. Está bem. Pela minha avaliação, a única razão de você ter ido – além da novidade que isso envolvia, sem dúvida – foi para evitar as conseqüências daquela horrível e destrutiva façanha que você fez pouco antes de desaparecer.‖
―Não, isso não -― Rose não conseguiu concluir a frase.
―E isso só torna minha decisão ainda mais fácil. Como uma Moroi, a princesa deve continuar aqui na Academia pela sua própria segurança, mas nós não temos nenhuma obrigação para com você. Você será mandada embora o mais rápido possível.‖
A paciência da Rose foi passear naquele instante. ―Eu o que?‘
Vasilisa se levantou e ficou ao lado dela ―Você não pode fazer isso! Ela é minha guardiã.‖
―Ela não é nada disso, especialmente porque ela nem é uma guardiã. Ela ainda é uma novata.‖ Nessa hora, a diretora admitiu que talvez Rose ainda estivesse matriculada ―Mas meus pais – ―
―Eu sei o que seus pais queriam. Que Deus abençoe suas almas, mas as coisas mudaram. Srta.Hathaway é dispensável. Ela não merece ser uma guardiã, e ela irá embora.‖
Rose olhou para diretora Kirova: ―Para onde você vai me mandar? Para minha mãe no Nepal? Ela pelo menos sabe que estive ausente? Ou talvez você vá me enviar para o meu pai?‖
Os olhos de Kirova se estreitaram em reação à última palavra dita por Rose.
Quando a garota continuou sua voz parecia mais calma. ―Ou talvez você esteja tentando me mandar para ser uma meretriz de sangue. Tente isso, e nós teremos ido embora antes do fim do dia.‖
―Srta. Hathaway,‖ Kirova sibilou, ―você está agindo inadequadamente.‖
Eu decidi intervir antes que Rose estragasse sua única chance de ficar, e por alguma razão me dei conta que eu queria muito que ela ficasse.
―Elas têm uma ligação.‖ Eu disse. Todos se viraram para me olhar, eu mantive meus olhos em Rose ―Rose sabe o que Vasilisa está sentindo. Não sabe?‖
Nessa hora a diretora Kirova foi pega de surpresa ―Não... isso é impossível. Isso não acontece há séculos.‖
―É óbvio,‖ eu disse. ―Eu suspeitei assim que comecei a observá-las.‖ Bom teoricamente fiquei observando Rose mas julguei essa informação desnecessária.
Nem Vasilisa nem Rose responderam. Rose desviou seu olhar do meu.
―Isso é uma benção,‖ murmurou Victor de seu canto. ―Algo raro e maravilhoso.‖
―Os melhores guardiões tinham essa ligação,‖ Eu acrescentei. ―Nas histórias.‖
A indignação de Kirova voltou. Obviamente ela não queria Rose estudando aqui. ―Histórias que tem séculos,‖ ela exclamou. ―Certamente você não está sugerindo que a deixemos ficar na Academia depois de tudo que ela fez?‖
Eu dei de ombros. ―Ela pode ser selvagem e desrespeitosa, mas se ela tem potencial – ―
―Selvagem e desrespeitosa?‖ Rose interrompeu. ―E quem diabos é você, afinal? Ajuda terceirizada?‖
Uow eu suprimi um gemido, com a reação da Rose, ela não parecia querer minha ajuda, será que não percebeu que eu só queria ajudá-la? Eu estava tentando mantê-la aqui, ao lado da sua futura protegida, a Princesa Vasilisa Dragomir.
―Guardião Belikov é o guardião da princesa agora,‖ Kirova disse. ―O guardião autorizado dela.‖ Eu esperava que Rose se mantivesse com a boca calada.
―Você contratou mão-de-obra estrangeira barata para proteger Lissa?‖ Mão de obra estrangeira barata? Porque eu ainda estava tentando ajudar essa louca?
Kirova jogou suas mãos para cima em irritação e se virou para mim. ―Você viu? Totalmente indisciplinada! Com todas as ligações psíquicas e potenciais imaturos do mundo não vão compensar isso. Um guardião sem disciplina é pior do que nenhum guardião.‖
―Então a ensine disciplina. As aulas mal começaram. A coloque de volta e a faça treinar novamente.‖ Eu argumentei, meu coração pedia que essa adolescente permanecesse na St. Vladimir, apesar de todas as suas grosserias, talvez eu apenas estivesse sentindo pena, talvez eu apenas precisasse que a Princesa Dragomir se sentisse segura, e nada melhor que uma guardiã mulher, uma verdadeira amiga para seguir seus passos principais.
―Impossível. Ela ainda ficará atrás de seus colegas.‖ Kirova fazia de tudo para que a garota fosse expulsa.
―Não, eu não vou,‖ Rose disse. A diretora Kirova a ignorou.
Continuei esperando uma resposta até que Kirova disse: ―E quem vai gastar esse tempo extra?‖ Kirova exigiu. ―Você?‖
Meu argumento tinha sido como um baque, me senti o protagonista principal daquela frase, o feitiço virou contra o feiticeiro: ―Bem, isso não era o que eu –―
Kirova cruzou os braços com satisfação. ―Sim. Foi isso que pensei.‖
Eu fiz uma careta olhando para Vasilisa e Rose. Elas eram duas garotas que fugiram de uma escola de alta segurança, pegaram metade da herança da Princesa, e se esconderam por dois anos. Elas eram ardilosas. Mas ao mesmo tempo elas também tinham um olhar suplicante. Será que isso seria difícil? Talvez não fosse tão complicado lidar com Rose....
―Sim.‖ Eu disse finalmente ―Eu posso orientar Rose. Vou dar a ela aulas extras junto com as normais.‖
―E então o quê?‖ Kirova replicou furiosamente. ―Ela fica sem punição?‖
―Ache outra forma de castigá-la,‖ Respondi. ―O número de Guardiões tem caído muito para arriscarmos perder mais um. Uma garota, em particular.‖ Não era muito comum termos guardiões femininas. Algumas delas abandonavam seu fardo para cuidar da casa e filhos. Assim como a minha mãe. Minha família era um pouco rígida e tradicional demais. Apenas homens serviam como guardiões, mulheres cuidavam das crianças e da casa.
Príncipe Victor começou a falar ―Estou inclinado a concordar com o Guardião Belikov. Mandar Rose embora seria vergonhoso, um desperdício de talento.‖
Diretora Kirova fitava a janela e a imensa escuridão da noite. Vasilisa olhou para ela e implorou ―Por favor, Sra. Kirova. Deixe Rose ficar.‖
Depois daquele momento, a diretora Kirova decidiu.
―Se a Srta. Hathaway ficar é assim que vai ser.‖ Ela se virou para Rose. ―Sua matrícula regular na St. Vladimir é estritamente probatório. Saia da linha uma vez, e você está fora. Você vai freqüentar todas as aulas e treinamentos exigidos para os novatos de sua idade. Você também irá treinar com o Guardião Belikov em cada folga que tiver – antes e depois das aulas. Fora disso, você está banida de qualquer evento social, exceto as refeições, e ficará
no seu dormitório. Não cumpra com alguma dessas coisas, e você será mandada... embora.‖
Rose deu uma risada áspera: ―Banida de todas as atividades sociais? Você está tentando nos manter separadas?‖ Ela olhou para Princesa. ―Com medo de que nós fujamos novamente?‖
―Estou tomando precauções. Tenho certeza de que se lembra, você nunca foi punida por destruir propriedade da escola. Você tem muito o que compensar.‖ A diretora pausou. ―Está lhe sendo oferecida uma proposta muito generosa. Eu sugiro que você não deixe a sua atitude pôr isso em risco.‖
Rose ia começar a dizer algo, mas parou quando encontrou meu olhar. Ela estava sendo muito idiota de enfrentar Kirova. É claro que no fundo Rose veria que essa oferta ainda a manteria perto de Vasilisa.
Ela encarou o chão parando de me encarar. Depois desse momento ela olhou para diretora e decidiu.
―Está bem. Eu aceito.‖
TRÊS
Nós deixamos o escritório da diretora Kirova. Alberta e eu escoltamos Rose para a secretaria de orientação para pegar seu horário de aulas.
Aprendizes e Moroi tinham aulas separadas na primeira metade do dia, Rose não veria Vasilisa pelo menos até depois do almoço.
Alberta, eu e Rose fomos até o ginásio dos guardiões para a aula do primeiro período. Rose estava atrás de nós, eu estava ciente dela, mas preferi fingir que não percebi.
Quando chegamos ao ginásio todos os olhares foram para Rose, eu não sei por que, mas todos os garotos ficavam loucos com ela.
Ela deu uma olhada no local, e encontrou um rosto familiar:
―Hey Mason, enxugue a baba da cara. Se você vai pensar em mim pelada, faça isso num lugar apropriado.‖
Uow que relação aberta ela tinha com os amigos. Fiquei um pouco desconcertado, mas fingi que não ouvi e continuei caminhando.
Algumas risadinhas quebraram o silêncio. Mason Ashford deu a Rose um sorriso torto. Ele era ruivo e tinha uma porção de sardas.
―Essa é a minha vez, Hathaway. Eu estou conduzindo a aula de hoje.‖ Mason disse. Como a maioria das aulas para dhampirs eram baseadas em treinos, nós costumávamos deixar que alunos mais velhos tomassem conta das aulas práticas e monitorassem os novatos, era uma forma de treinar a liderança e aprender a lidar com os outros.
―Oh, é?‖ ela replicou. ―Huh. Bem, eu acho que essa é uma boa hora para você pensar em mim pelada, então.‖
―Sempre é uma boa hora pensar em você pelada,‖ Eddie Castile adicionou.
Eu balancei a cabeça e sai resmungando em russo: ―como eu fui estúpido de ajudá-la a ficar aqui. Essa menina vai me trazer problemas, acho que ela não é tão madura quanto imaginei.‖
Eu encontrei um lugar onde eu podia observar a aula sem ser visto. Eu costumava fazer isso, para supervisionar como os futuros guardiões lidavam com os novatos, assim se houvesse algum problema eu poderia interferir de imediato e corrigir os passos durante os treinos Mas hoje eu resolvi ficar aqui para observar o quanto Rose sabia de defesa e ataque, assim eu teria uma noção do quanto eu precisaria trabalhar com ela durante suas folgas. Afinal a idéia de mantê-la na Academia foi minha, e ela só ficaria se alcançasse seus colegas de turma. Em meses ela precisaria recuperar o que perdeu em anos. Mas, eu tinha esperanças que ela vinha treinando, mesmo passando dois anos longe da St. Vladimir.
Rose ria com os outros novatos até os supervisores darem uma bronca em Ashford por não estar fazendo nada
Ele deu um sorriso e voltou a dar ordens para os mais novos. Rose não parecia estar muito satisfeita. Ashford percebeu a hesitação de Rose e agarrou seu braço para que pudessem trabalhar juntos. Depois de uma hora estava claro que Rose não havia praticado nada nos últimos dois anos e eu percebi o quanto de trabalho eu teria pela frente. Realmente eu estava em uma emboscada criada por mim mesmo. Suas defesas estavam todas atrasadas, nem sempre ela atacava, e quando atacava era derrubada rapidamente por Mason. Com certeza eu estaria bem ocupado pelos próximos dias.
Ashford a ajudou se levantar do tatame enquanto dizia alguma coisa. Ele estava surpreso com o que ela dizia e ele dizia algo que deixava Rose um pouco nervosa. Por um momento me passou pela cabeça a vontade de querer saber o que eles estavam conversando, mas presumi que deveria ser algo de adolescentes, nada importante. Minha cabeça sempre estava cheia de problemas de guardiões, e criações de novas estratégias de segurança para os Moroi, não sei por que agora eu me preocupava em querer saber o papo dos alunos, deveria ser apenas uma curiosidade tola.
Rose deu uma cotovelada em Mason e saiu andando para a segunda aula: Teoria do Guarda-Costas e Proteção Pessoal.
Eu e outros guardiões ficamos em um canto na parte de trás da sala de aula, para variar. Era comum ficarmos nessa posição por uma questão de estratégia. Próximos a parede do fundo temos a visão de toda a sala de aula, de portas e janelas.
Stan Alto era o instrutor de proteção pessoal, quando chegou à sala de aula andou e fingiu estar surpreso com a presença de Rose, sua secretária já havia avisado que ela voltaria a freqüentar a Academia, e essa matéria era fundamental para seu desenvolvimento.
―O que isso significa? Ninguém havia me dito que teríamos uma discursante na aula. Rose Hathaway. Mas que privilégio! Como você foi generosa em tomar um espaço de sua agenda ocupada para nos visitar e contar como você vai.‖
As bochechas da Rose queimaram de tanta vergonha. Ela obviamente queria dizer um punhado de coisas, mas resolveu manter suas palavras na boca, achei isso ótimo, eu já estava considerando um grande progresso para Srta. Hathaway. Espero não ter falado cedo demais. Seu rosto já falava o que sua mente estava pensando. Os gestos de Stan demonstravam menosprezo sobre ela.
―Venha para frente da sala, Não sente ainda‖
Rose se encolheu. ―Você não está falando sério –―
―É exatamente o que eu estou falando Hathaway, venha para frente da sala!‖
Negando-se a recusar a afronta, Rose caminhou até a frente da sala e deu uma olhada no quadro negro enquanto jogava seu cabelo sobre os ombros. Desconfiei que ela estivesse um pouco receosa com a situação. A turma se mantinha em silêncio. Rose nos notou ao fundo da classe.
Fora da Academia os guardiões eram treinados para proteger seus tutores. Aqui, os guardiões tinham outras coisas que protegiam a todos, portanto eles poderiam auxiliar no treinamento dos novatos. Ao invés de seguirmos um Moroi em qualquer lugar que ele vá podemos trabalhar em turnos de guarda da escola como um todo e ainda assim ficar com as classes de monitoramento.
―Então, Hathaway,‖ disse Stan andando para frente da classe também. ―Nos ilumine sobre as suas técnicas protetoras.‖
Rose gaguejou ―Minhas... técnicas?‖
―Claro. Porque, presumivelmente, você deve ter tido algum tipo de plano que o resto de nós não podíamos entender para que você levasse uma Moroi da realeza menor de idade para fora da Academia e a expusesse a constantes ameaças Strigoi.‖
―Nós nunca encontramos com um Strigoi,‖ Rose respondeu rigidamente.
―Obviamente,‖ Stan disse com um risinho sarcástico. Isso me deu vontade de ir lá e mandar ele ficar quieto ―Eu já percebi isso, vendo como você continua viva.‖
Rose não disse uma palavra.
―Então o que você fez? Como você se certificava para que ela continuasse segura? Vocês evitavam sair à noite?‖
―Às vezes‖
―Às vezes‖, ele repetiu com uma voz aguda, imitando Rose. ―Bem, eu suponho que você tenha dormido durante o dia e ficado de guarda à noite.‖
―Err... não.‖
―Não? Mas isso é uma das primeiras coisas mencionadas no capítulo sobre guarda solo. Oh, espere, você não saberia disso porque você não estava aqui.‖
―Eu vigiava a área sempre que nós saiamos,‖ Rose disse tentando se defender.
―Oh? Isso já é algo. Você usou o Método de Fiscalização do Quadrante Carnegie ou a Análise Rotativa?‖
Ela não respondeu
―Ah. Eu acho que você usou o Método-Olhar-Em-Volta-Quando-Se-Lembrava-Hathaway.‖
Stan já estava realmente irritando, eu estava quase mandando ele iniciar a aula e esquecer o incidente. Rose estava disposta a
recomeçar. Na nossa profissão de instrutores não deveríamos agir de uma forma que pudesse desestimular um aluno a ser guardião. E era isso que ele estava fazendo enquanto a humilhava no meio da sala. Mas Rose era forte e decidida, eu já tinha percebido quando ela tentou me agredir em Portland.
―Não!‖ Rose rugiu irritada. ―Isso não é verdade. Eu a vigiei. Ela ainda está viva, não está?‖
Stan a encarou: ―Porque você teve sorte.‖
―Strigoi não estão à espreita a cada esquina lá fora,‖ ela devolveu. ―Não é como o que nós temos aprendido. É mais seguro do que vocês fazem parecer.‖
―Seguro? Seguro? Nós estamos em guerra com os Strigoi!‖ Ele gritou. Ele estava tão perto dela, que a qualquer momento poderia beijá-la. Eu me movi para frente para puxá-lo, mas outro guardião me parou.
―Deixa ele gritar‖ o guardião me disse. Voltei meus passos para trás e continuei observando.
―Um deles poderia ter ido até você e quebrado o seu lindo pescocinho antes mesmo que você o notasse – e eles nem chegam a suar fazendo isso. Você pode ter mais velocidade e força do que um Moroi ou um humano, mas você não é nada, nada, comparada a um Strigoi. Eles são mortais e são perigosos. E você sabe o que os deixam mais poderosos?‖
Rose me pareceu que choraria a qualquer momento. Alto estava sendo realmente imbecil. Ela olhou para longe dele, procurando alguma coisa para se focar. Seus olhos vieram até mim e os outros guardiões. Nós estávamos todos impacientes.
―Sangue Moroi,‖ ela sussurrou.
―O que foi isso?‖ Stan respondeu. ―Eu não ouvi.‖ Eu sabia que ele estava mentindo, eu que estava do outro lado da sala ouvi perfeitamente.
Ela se virou para encará-lo. ―Sangue Moroi! Sangue Moroi os deixam mais fortes.‖
Eu me virei e sussurrei para o guardião que estava ao meu lado. ―Ele realmente está deixando ela sem jeito não está?‖
O guardião concordou. ―Eles estão brigando o tempo todo, acho que ele só está recebendo o que pagou para ver‖
―O que ela fez pra ele?‖
―Ela sempre foi muito desrespeitosa com ele, e não foram poucas vezes, agora Stan está se vingando um pouquinho, no fundo ela merece Dimitri, você não imagina como essa garota é astuta.‖
Eu fingi concordar e me fitei em Rose. Alto ainda estava falando.
―Sim. É isso. Deixam os mais fortes e mais difíceis para se destruir. Eles matam e bebem de humanos ou dhampirs, mas eles querem sangue Moroi mais que todo o resto. Eles procuram por isso. Eles se viraram para o lado negro para ganhar imortalidade, e eles fazem qualquer coisa para manter essa imortalidade. Strigoi desesperados já atacaram Moroi em público. Grupos de Strigoi já invadiram Academias iguais a esta. Existem Strigoi que viveram por vários séculos e se alimentaram de gerações de Moroi. Eles são quase impossíveis de se matar. E isso é o porquê do número de Moroi estar caindo. Eles não são fortes o suficiente – mesmo com guardiões – para se protegerem. Alguns Moroi nem vêem mais sentido em fugir e simplesmente se entregam aos Strigoi por vontade própria. E quanto mais desaparecem os Moroi...‖
―... mais desaparecem os dhampirs,‖ Rose terminou.
―Bem‖ Stan disse. ―Parece que você aprendeu alguma coisa apesar de tudo. Agora nós temos que ver se você consegue aprender o suficiente para passar nessa matéria e se qualificar para o campo prático do semestre que vem.‖
Rose retornou para sentar no seu lugar e esperava os olhares ansiosos dos colegas de sala. Ela provavelmente estava preocupada com essa experiência de campo.
Eu queria ter ido com ela para as próximas duas aulas. Mas infelizmente tive que cuidar de uma classe elementar na parte inferior do Campus.
O tempo todo fiquei pensando na situação embarasosa que Stan a colocou mais cedo. O tempo todo eu pensei nela
Seu cabelo longo era tão bonito. Ela era muito bonita. Assim como os novatos me disseram, antes eu achava que eles estavam exagerando, que deveria ser uma ilusão de garotos em uma crítica fase hormonal. Mas eu estava errado, ela era realmente uma garota bem interessante, além da beleza física o pouco tempo que passei ao lado dela percebi um ar de mistério, algo que me intrigava e me deixava curioso para querer saber mais e mais sobre ela.
Meus pensamentos foram interrompidos abruptamente, minha razão começava a falar mais alto. Eu estava pensando em uma garota menor de idade! Será que eu estava beirando a insanidade? Pensei sobre isso. Não. Eu não poderia me sentir desse jeito. Eu sou o mentor dela. Eu sou sete anos mais velho. Ambos seremos guardiões de Vasilisa em um punhado de meses. Um sexto sentido me dizia que isso não terminaria nada bem.
**
Após minhas duas outras aulas, resolvi dar uma caminhada pelo campo. Eu mantive meus pensamentos o mais longe de Rose possível. Mas quando eu menos espero a vejo tropeçando pelo corredor no mesmo local que eu estava. Senti seus passos ao meu lado, tentando me alcançar.
―Suponho que tenha visto o que aconteceu na aula de Stan?‖ Ela me perguntou.
―Sim‖.
―E você não acha que foi injusto?‖ Ela me perguntou.
―Ele estava certo? Você achar que estava inteiramente preparada para proteger Vasilisa?‖ Eu não poderia deixar que meus sentimentos malucos me deixassem ir contra um colega de trabalho e a favor de uma aluna que estava me deixando um pouco confuso. Eu tenho ética profissional, e gostaria que Rose enxergasse que ela errou e acabou arriscando duas vida ao fugir com a Princesa.
Ela olhou para o chão: ―Eu a mantive viva‖.
―Como você foi lutando contra os seus colegas hoje?‖ Eu sabia a resposta, mas quis ouvir da boca dela. Quando percebi que não obteria respostas, continuei dizendo: ―Se você não consegue lutar com eles –―
―Sim Sim eu sei‘. Ela me cortou
Eu diminui meus passos para andarmos no mesmo ritmo. ―Você é forte e rápida por natureza. Você só precisa manter um treinamento. Você não praticou nenhum tipo de esporte enquanto esteve fora?‖
―Claro‖ Ela deu de ombros ―Aqui e ali.‖
―Você não se juntou a nenhuma equipe?‖
―Muito trabalho. Se eu quisesse praticar tanto, eu teria ficado aqui.‖
Eu dei a ela uma expressão irritada. ―Você nunca vai ser realmente capaz de proteger a princesa se você não aperfeiçoar suas habilidades. Você sempre vai ficar para trás.‖
―Eu serei capaz de protegê-la,‖
―Você não tem nenhuma garantia de que será designada para ela, você sabe – no seu campo prático ou depois da sua formatura. Ninguém quer quebrar com a ligação – mas também ninguém vai dar a ela um guardião inadequado. Se você quiser ficar com ela, então você vai ter se esforçar para isso. Você tem as suas aulas. Você tem a mim. Nos use ou não. Você é a escolha ideal para proteger Vasilisa quando as duas se formarem – se você conseguir provar que é digna. E eu espero que consiga.‖
Eu esperei ela responder alguma coisa, mas não aquilo que ela respondeu. ―Lissa, a chame de Lissa‖.
Eu fui embora, parecia estar louco. Preferia não ter dito a ela nada do que eu disse. Talvez isso não valesse a pena. Nada disso deveria ter começado, eu jamais deveria ter aceitado treinar essa garota, ela era rebelde, imatura e não levava a sério uma conversa casual. Como ela levaria a sério meus treinos?! Rose tinha me tirado do sério.
Fui até o escritório da diretora. Bati na porta e ouvi alguém me pedir para entrar.
―Guardião Belikov‖ Ela me cumprimentou. Eu também a cumprimentei e antes que pudesse dizer algo ela disparou: ―Se você veio dizer algo sobre Rose, melhor prender sua respiração. Você disse que daria um jeito e que estaria disposto a ajudá-la a alcançar seus parceiros de turma, portanto agora faça‖. Eu havia dito tudo aquilo? Não foi muito surpreendente.
―Como a senhora sabia que eu estava falando de Rosemarie?‖
―Eu sabia que você não seria capaz de passar nem 5 minutos ao lado dela sem se arrepender. E eu sabia que assim que você percebesse o tipo de garota que ela era, você rapidamente iria se arrepender. E a resposta é não. Não temos tempo para voltar atrás Guardião Belikov.‖
Eu concordei novamente. Já estava de saída quando ela me chamou.
―Guardião Belikov‖ eu me virei para fitá-la. ―Se ninguém sabe o jeito de colocá-la na linha é melhor você descobrir.
Com isso, deixei o escritório.
Caminhei até meu quarto. Eu tinha um tempo livre até minha aula extra com a Rose. Peguei um dos meus livros de faroeste favoritos e fiquei lendo deitado na cama. Eu precisava relaxar um pouco, e não via uma maneira melhor de fazer isso do que ler um livro. Livros de faroeste me faziam viajar, me levavam a um mundo de sonhos e eu tinha por eles um sentimento nostálgico. Quando eu os lia, me sentia em casa, perto da minha mãe e da minha infância. Sim, eu sentia falta da Rússia.
Durante minha leitura, me lembrei que Kirova pediu que eu arranjasse um jeito de colocar Hathaway na linha, pelo jeito eu teria que me esforçar bastante, mas preferi espantar essa garota dos meus pensamentos por enquanto, logo mais eu teria um longo tempo ao seu lado.
Maryah
Maryah
Administradora
Administradora

Mensagens : 163
Data de inscrição : 05/01/2010
Idade : 33
Localização : Florianópolis-SC

https://anjos-caidos.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏ Empty Re: Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

Mensagem por Maryah Sáb Abr 10, 2010 11:14 am

QUATRO
Quando deu à hora de eu me encontrar com Rose para o nosso treino, resolvi levar meu livro. Eu estava em uma parte muito boa e não podia parar de ler até alcançar o próximo capítulo.
Ela não estava no ginásio. Percebi mais uma de suas qualidades para adicionar na lista: Rose não era nada pontual.
Resolvi refazer o caminho da classe de sua última aula até seu dormitório. Encontrei a dhampir sentada em um banco com a Princesa Vasi.. Lissa. Era assim que a princesa gostava que a chamassem, pelo menos foi o que percebi com a resposta irônica de Rose durante nossa última conversa. Eu fui por trás de onde elas estavam sentadas e pude ouvir um pouco.
“Ok então” Rose disse. “Vamos ver como vai ser. Se alguma coisa der errado – qualquer coisa- a gente vai embora. Sem argumentos”.
Lissa concordou.
“Rose” Eu disse. Elas me olharam. Rose me olhou sem expressão, enquanto Lissa parecia se sentir culpada.
“Você está atrasada para sua aula prática”. Dei um aceno educado para Lissa. “Princesa”.
Rose e eu saímos do local. Estávamos no meio do pátio quando algo aconteceu.
Os olhos de Rose se tornaram vidrados e vazios, ela parou de caminhar de repente.
“Rose?!” Eu a chamei, mas não obtive resposta. Isso não era bom, ela estava esquisita. Chamei novamente, mas nada aconteceu.
CINCO
Coloquei minhas mãos nos ombros de Rose e comecei a sacudi-la, isso estava me preocupando um pouco.
―Rose? Rose?‖ Piscando ela finalmente se fixou no meu rosto. Eu suspirei aliviado ―Você está bem?‖
―Eu… sim... eu estava com a Lissa...‖ Ela colocou a mão em sua testa. ―Eu estava na cabeça dela‖.
―Cabeça dela?‖ Eu perguntei confuso.
―Sim, faz parte dessa ligação‖. Ela não disse mais nada.
―Ela está bem?‖ Perguntei.
―Sim, ela está‖. Rose hesitou. ―Ela não está em perigo‖. Percebi que ela não queria falar sobre aquilo. Tentei não forçar a conversa.
―Você pode continuar?‖.
―Sim, estou bem‖.
Continuamos andando para o ginásio. Ela foi para o vestiário se trocar. Quando voltou sugeriu que eu poderia dispensá-la da aula hoje.
Eu ri. Rose adorava fazer piadas, apesar de eu saber que essas eram suas reais intenções, fingi cair no seu jogo.
―O que é tão engraçado?‖ Ela respondeu indignada com a minha risada.
―Oh,‖ eu disse, meu riso sumiu. ―Você falou sério.‖
―É claro que eu falei! Olhe, eu estive, tecnicamente, acordada por dois dias. Por que nós temos que começar esse treinamento agora? Me deixa ir para a cama. É só uma horinha‖.
Cruzei meus braços e a fitei. ―Como você se sente? Depois do treinamento que fez até agora?‖
―Dói pra caramba.‖ Ela respondeu.
Eu suprimi um sorriso. ―Você vai se sentir pior amanhã.‖ E era verdade.
―E daí?‖
―E daí, melhor entrar de cabeça no treinamento agora enquanto você não se sente... tão mal.‖
―Que tipo de lógica é essa?‖ Ela retrucou. Resolvi que não valeria à pena responder.
Ela resolveu não discutir mais durante o caminho até a sala de musculação. Mostrei a ela os pesos e a série de repetições que ela teria que treinar, depois disso sentei em um canto para ler meu livro e tentar acabar o capítulo que estava realmente muito intrigante.
Eu fiquei lendo, porém algumas vezes observei como ela fazia os exercícios. Não pude deixar de notar que ela tinha um corpo realmente bom para uma adolescente que não malhava com freqüência. Quando ela terminou demonstrei alguns exercícios ideais para alongamento. Era bom que ela se alongasse, sempre antes e após os exercícios, evitando maiores danos musculares.
―Como você acabou sendo chamado para ser guardião da Lissa?‖ Ela me perguntou. ―Você não estava aqui há alguns anos atrás. Ao menos você foi treinado nesta escola?‖
Eu não respondi imediatamente. Aquela memória ainda era um pouco dolorosa para mim, resolvi responder apenas a segunda pergunta: ―Não, eu freqüentei uma escola na Sibéria.‖
―Whoa. Esse deve ser o único lugar pior do que Montana.‖
Eu segurei outro sorriso. Eu tinha dificuldade de me manter sério perto dela o tempo todo.
―Depois da formatura, eu fui guardião de um lorde da família Zeklos. Ele foi morto recentemente. Me mandaram aqui porque necessitavam de guardiões extras no campus. Quando a princesa
apareceu, eles me designaram para ela, já que eu já estava por aqui. Não que isso seja importante até que ela deixe o campus.‖
Ela pensou por um segundo: ―Esse lorde morreu durante a sua vigia?‖
―Não. Ele estava com o seu outro guardião. Eu estava longe.‖
Eu percebi o silêncio, e fiquei pensando naquilo. Eu me sentia culpado por não ter sido capaz de protegê-lo.
―Ei,‖ ela disse de repente. ―Você ajudou a fazer o plano para nos trazer de volta? Porque foi muito bom. Força brutal e tudo aquilo.‖
Eu levantei minhas sobrancelhas. ―Você está me elogiando por isso?‖
―Bem, foi bem melhor do que a tentativa anterior deles.‖
―Tentativa anterior?‖ Só havia tido uma tentativa. Do que Rose estava falando?!
―Sim. Em Chicago. Com um bando de psi-hounds.‖
―Essa foi a primeira vez que encontramos vocês. Em Portland.‖ Eu disse. Por alguns momentos, me passou a idéia de que elas foram perseguidas por algum outro grupo de vampiros, ou talvez Rose estivesse com tanto medo que se sentia perseguida a todo instante. Resolvi não me importar. Elas estavam seguras na Academia, seria difícil que elas escapassem novamente. Eu manteria meus olhos bem abertos.
Ela parou de se alongar e se sentou cruzando as pernas. ―Hum, eu não acho que tenha imaginado psi-hounds. Quem mais poderia tê-los enviado? Eles só respondem aos Moroi. Talvez ninguém tenha te contado.‖
Isso não estava muito certo. ―Talvez‖ eu disse de qualquer forma.
Rose se levantou e foi para os dormitórios. Fiquei um pouco intrigado com nossa conversa, quem poderia estar atrás da Princesa? Se psi-hounds respondiam apenas aos Morois com certeza não seria nenhum Strigoi, menos mal, mas ainda assim eu estava preocupado. Fui ao escritório de Kirova.
―Guardião Belikov‖. Ela disse surpresa. Antes que eu pudesse pensar em como começar a conversa, ela veio com suas críticas. ―O que a Srta. Hathaway fez dessa vez?‖.
―Ela não fez nada, ela me disse uma coisa‖.
Ela deu um suspiro impaciente. ―Vamos ouvir então‖.
Eu contei sobre minha conversa com Rose.
―Mais alguém atrás de Vasilisa‖. Eu disse. ―E parece ser alguém dessa escola‖.
Diretora Kirova fitou a janela ―Porque alguém iria querer tanto a Princesa Vasilisa?‖ Deve... deve haver uma razão‖. A diretora gaguejou.
―Quem pode ter mandado os hounds?‖ Eu perguntei.
―Quem você acha?‖ Ela perguntou.
Eu pensei um pouco antes de responder. ―Alguém que conhece Vasilisa. Alguém que ela pense ser seu amigo!‖ Eu sugeri. Ela fez uma careta. "Eu gostaria de saber também. Precisamos ter certeza que ela estará em segurança.‖ Ela virou para mim. "Mantenha essa informação para si mesmo, Belikov. Não deixe que ninguém saiba até nós descobrirmos quem os mandou.
Concordei com ela. Eu também queria a proteção da Princesa Dragomir. Se eu soubesse quem mandou os psi-hounds eu poderia fazer uma proteção melhor, descobrir seu paradeiro e buscar táticas para tirá-los do caminho de Lissa.... e de Rose.
Na manhã seguinte eu tinha certeza que Rose estaria toda dolorida, mas ela iria sobreviver. Ela saiu do dormitório e a acompanhei durante as aulas.
Eu estava quase certo que Rose sabia de alguma coisa sobre Lissa. Mas ela não iria contar a ninguém. Pelo menos não por enquanto. Eu tinha o leve pressentimento de que ela achava que estava protegendo Lissa sozinha, mas com o tempo eu daria chances para que Rose confiasse em mim também.
SEIS
No domingo me arrumei e fui até a capela da Academia. Como de costume me sentei em um banco no fundo da igreja, além de ser o local mais isolado eu tinha uma grande visão das portas, dos vitrais e dos alunos.
Uns minutos depois algo me surpreendeu. Rose e Lissa entraram. Nunca imaginei que veria Rose em uma igreja, ela não parecia se importar muito com os assuntos religiosos. Talvez ela tenha mudado após o acidente de carro. Muitos diziam que foi um milagre ela ter sobrevivido. Mas não, logo desconfiei que ela não veio para assistir ao culto e sim para conversar com Lissa.
A maior punição que a Diretora Kirova poderia ter dado a ela, era mantê-la longe de eventos sociais. Sua rotina atualmente era baseada em aulas, treinos extras, se alimentar e dormir. De alguma forma ela deve ter conseguido permissão para estar aqui e aproveitar esses minutos ao lado de sua futura protegida, a princesa Dragomir.
Eu parei de encará-las e comecei a pensar sobre outras coisas. A igreja era o local ideal para fazer isso. Eu nunca escutava realmente o culto, portanto eu não poderia criticar Rose. Mas, além disso, na igreja eu me sentia em paz, poderia descarregar todo o peso do meu trabalho, e tentar obter algum perdão de Deus. Eu nasci designado a ser um guardião, a minha função muitas vezes me desgastava emocionalmente. Eu vivia e treinava para matar Strigoi e manter a sociedade Moroi a salvo. Na realidade eu poderia me considerar um assassino. Todos os Strigois já tinham sido seres vivos um dia, humanos, Morois ou Dhampir.
Alguns resolviam ser Strigoi por opção, eu jamais conseguiria fazer isso. Eu nunca, definitivamente nunca me tornaria um Strigoi por vontade própria. Como desde cedo aprendi que nunca deveria falar nunca, se um dia eu me tornasse Strigoi teria que ser transformado, e mesmo assim lutaria até o final para evitar que isso acontecesse. Acima de tudo se tornar um Strigoi significa um guardião a menos para proteger os Moroi. Nesse instante fitei Lissa. Eu faria qualquer
coisa para protegê-la. Eu sei que Rose também faria o mesmo pela amiga.
Mudando o rumo dos meus pensamentos, fiquei imaginando o que minha mãe e irmãs estavam fazendo nesse momento, fazia tanto tempo que eu não ia para casa. Eu sentia muita falta da Sibéria. Eu sentia falta de tudo, principalmente da minha família. Sempre fomos muito unidos, mas devido ao meu trabalho, me afastei, eu era o único homem de uma família só de mulheres. A Sibéria era minha casa. Em Montana eu nunca tive essa sensação de lar doce lar.
Eu suspirei. Meu horário de folga havia acabado. O dever me chamava. Deixei a igreja e vi que Alberta esperava por mim.
―Belikov‖. Ela me cumprimentou.
―Alguma coisa errada?‖ Eu perguntei.
Ela balançou a cabeça em uma negativa: ―Eu queria perguntar se você quer que alguém cubra sua ronda essa noite. Você poderia sair um pouco e se divertir com os outros guardiões‖.
Agora era eu quem balançava a cabeça. ―Não obrigado, mas eu vou fazer meu serviço‖. Ela me fitou enquanto caminhávamos em direção ao ginásio. ―Não vai matar se você tirar um tempo de folga‖. Ela disse gentilmente.
Eu dei um sorriso. ―Guardiões nunca têm tempo livre‖.
―Vamos lá vai. Porque você não quer sair hoje à noite? Estou te dando essa oportunidade para folgar.‖
Eu balancei minha cabeça novamente enquanto puxava as portas do ginásio. ―Eu não estou me sentindo muito bem para sair hoje à noite!‖ Eu disse, tentando convencê-la de que não abandonaria minha obrigação por um pouco de diversão.
―Hum, então tá!‖ Ela disse com um suspiro. ―Eu vou desapontar os outros guardiões com a sua resposta.‖
Eu entrei na sala de musculação. Eu precisava treinar. Isso me faria relaxar um pouco.
**
Percorri meu turno a noite toda pensando no que eu fiz de errado e como minha vida tinha mudado tanto desde então.
Se eu jamais tivesse aceitado um descanso naquele cargo anterior, se eu tivesse chegado mais cedo, se o outro guardião não tivesse se corrompido, se, se, se, meu tormento era essa pequena palavra que dizia tanto, que mudaria tudo. Se nada disso ou tudo isso tivesse acontecido, Zeklos ainda poderia estar vivo, e eu ainda seria seu guardião. Eu não teria vindo para St. Vladimir, não teria sido designado para Princesa Dragomir, e não precisaria ser o mentor de uma adolescente tão diferente como Rose... Roza.
Após umas quatro voltas em todo o perímetro da Academia, outro guardião chegou, trocamos o plantão e eu me dirigi para o dormitório.
Todo dia eu ainda pensava em Ivan. Talvez eu pudesse agir melhor com Lissa. Não iria tirar folgas à toa. Como eu poderia me divertir enquanto a vida de alguém estava em minhas mãos?! Eu aprendi com o meu próprio erro, não precisaria passar por isso novamente.
Quando cheguei ao meu quarto tomei um banho e cai na cama, comecei a pensar sobre o treinamento de amanhã com a Rose, decidi que iria passar o máximo de meu conhecimento para ela, eu não permitiria que ela precisasse errar para aprender. Eu vou treinar essa garota para ser uma guardiã para Lissa melhor do que eu tinha sido para Zeklos.
SETE
Semanas depois as fofocas do retorno de Lissa e Rose já estavam mais amenas. A rotina de Rose agora era ir à igreja para falar com a Lissa, esperar o almoço para falar com a Lissa, desejar as aulas da tarde para falar com a Lissa, independente do tempo livre que ela tinha, era isso que fazia.
Eu e ela também começamos a ter uma rotina. Poderia dizer que os exercícios já não estavam tão forçados, pois treinávamos o tempo todo.
Ultimamente eu estava mandando Rose correr ao ar livre, no outono frio de Montana, era bom para que ela se adaptasse. Não sabíamos para onde Lissa gostaria de ir após a graduação, mas guardiões sempre deveriam estar preparados para regiões frias ou quentes.
Três semanas depois da volta de Rose à Academia, ela foi me encontrar no ginásio, atrasada, é claro, isso não tinha mudado muito. Quando entrou eu estava deitado em um colchonete lendo um livro de Louis L‘Amour e ouvindo When Doves Cry do Prince.
―Uou, Dimitri,‖ ela disse, jogando a mochila no chão. ―Eu entendo que esse é um hit do momento no Leste Europeu atualmente, mas você acha que podemos escutar alguma coisa que não tenha sido gravada antes de eu nascer?‖ Ela sempre era muito sarcástica.
Meus olhos foram em direção a ela, mas não me movi. Eu não podia encorajá-la a fazer piadinhas. ―O que isso importa para você? Eu que vou continuar ouvindo isso. Você estará lá fora correndo‖. Eu respondi para ela, mas talvez eu devesse correr com Rose hoje, não sei por que eu estava com vontade de acompanhá-la.
Ela fez uma cara de desgosto para mim e começou a se alongar. Se movimentou até umas barras de alongamento e meio segundo depois começou a falar: ―Hey qual é a da corrida, afinal de contas? Quero dizer, eu entendo a importância da força e tudo mais, mas eu não deveria estar passando para algo com um pouco mais de luta? Eles ainda estão me matando na prática em grupo.‖
―Talvez você devesse bater mais forte‖. Eu repliquei sendo sarcástico também.
―Eu falo sério.‖ Ela disse.
―Difícil dizer a diferença.‖ Abaixei meu livro, mas não me levantei. ―Meu trabalho é te preparar para defender a princesa e lutar com criaturas das trevas, certo?‖
―Sim.‖
―Então me diga isto: supondo que você consiga seqüestrá-la de novo‖ – claro que eu sabia que ela nunca tinha seqüestrado a Lissa – ―e levá-la para um shopping. Enquanto vocês estão lá, um Strigoi vai até vocês. O que você vai fazer?‖
―Depende da loja em que estivermos.‖
Rá, muito engraçado. Mantive meus olhos nela.
―Certo. Eu o apunhalaria com uma estaca de prata.‖
Eu me sentei e cruzei minhas pernas. Os olhos de Rose seguiram atentamente cada movimento que eu fazia.
―Oh?!‖ eu disse levantando minhas sobrancelhas. ―Você tem uma estaca de prata? Você pelo menos sabe usar uma?‖
Ela me deu um olhar rude e respondeu. ―Okay. Eu iria cortar a cabeça dele fora‖.
―Ignorando o fato de que você não tem uma arma para fazer isso, como você compensaria o fato de que ele poderia ser 30 centímetros mais alto do que você?‖
Ela parou de se alongar, tive certeza que eu estava a deixando um pouco irritada. ―Certo, então eu iria botar fogo nele.‖ Ela disse.
―De novo, com o quê?‖ Perguntei.
―Certo, eu desisto. Você já tem a resposta. Você está apenas brincando comigo. Eu estou num shopping e eu vejo um Strigoi, o que eu faço?‖
Eu olhei em seus olhos: ―Você corre‖.
Quando ela acabou os alongamentos, decidi que também iria correr. Rose precisava fazer um tempo melhor, seria bom que eu estivesse ao seu lado incentivando durante a corrida.
Ela ficou surpresa com a minha decisão. Mas, não entendi a razão, eu era seu mentor, era mais do que obrigação eu acompanhá-la de vez em quando. Não havia motivos para ser surpreendida.
Saímos na noite fria de outubro. Não falamos nada um para o outro embora eu tenha retardado meus passos para acompanhá-la. Rose percebeu e pareceu incomodada, acelerando seus passos durante a corrida.
Quando estávamos na antepenúltima volta, passamos por um grupo de aprendizes que se preparavam para uma aula prática de grupo. Dentre eles estava Mason Ashford.
―Boa forma, Rose!‖ Ele gritou. Rose sorriu e acenou de volta. Por alguma razão isso me irritou um pouco. Minhas palavras saíram mais ásperas do que minha intenção.
―Você está ficando mais lenta‖. Eu rugi. ―É por isso que seus tempos de corrida não estão ficando nada mais rápidos? Você se distrai facilmente?‖ Com garotos, eu adicionei mentalmente.
Ela parecia sem graça e aumentou sua velocidade novamente. Quando terminamos eu chequei o cronômetro e vi que ela terminou com 2 minutos a mais do que seu melhor tempo.
―Nada mal, huh? Parece que eu poderia ir tão longe quanto à divisa do país antes que os Strigoi me peguem no shopping. Só não tenho certeza de como Lissa faria.‖
―Se ela estivesse com você, ela estaria bem.‖ Respondi suavemente. Eu admirava a força de vontade que Rose tinha de querer defender a princesa.
Ela me olhou surpresa pelo elogio. Eu olhei no fundo dos seus olhos castanhos e acolhedores, me divertindo. Eu não a elogiava com freqüência.
De repente, vi sua face presa em dor. Seu olhar começou a se distanciar.
Ela piscou e saiu correndo, mais rápido do que tínhamos corrido durante o treino. Eu a segui e perguntei o que estava acontecendo de errado. Mas ela parecia não me ouvir, ou estava apenas querendo manter a respiração sem perder o fôlego.
Encontramos Lissa chorando próximo ao dormitório. Eu compreendi porque Rose saiu correndo. Ela estava na cabeça de Lissa novamente e nesse momento a princesa precisava da sua guardiã e amiga. Eu ainda não conseguia compreender como isso funcionava. Na realidade ninguém entendia muito bem essa relação guardião -laço – protegido.
Rose chegou perto de Lissa e a fez olhar em seus olhos: ―O que está errado? O que aconteceu?‖.
Lissa não respondeu. Ela abraçou a princesa e a deixou chorar em seu peito. Rose alisou seus cabelos, falando para ela que tudo ficaria bem. Eu estava bem próximo das duas, porém observava qualquer tipo de ameaça que pudesse estar no local.
Meia hora depois estávamos no dormitório de Lissa. Encontramos três outros guardiões e a Sra. Kirova. A inspetora do saguão estava rondando o local também.
Lissa dividia o quarto com a filha do príncipe Victor Dashkov, Natalie. Os lados do quarto eram bem diferentes entre si.
O lado de Natalie era cheio de coisas, muitas fotos na parede de viagens e festas com amigos. Um jogo de cama florido completava o local. O lado de Lissa era mais simples, com uma colcha amarela e fotos dela e Rose vestidas de fadas. Acho que elas devem ter se vestido assim para alguma festa de Halloween. Maquiagens, glitter e asas completavam a fantasia. Não pude deixar de reparar que a beleza de Rose ofuscava a beleza da princesa. Ambas eram muito bonitas, porém Rose tinha um corpo cheio de curvas, enquanto Lissa era bem magra, assim como todas as garotas Moroi. Os olhos castanhos e exóticos de Rose deixavam os lindos olhos verdes da princesa Dragomir parecerem comuns, pelo menos para mim. Eu sentia algo estranho enquanto olhava a foto de Rose, meu coração acelerava e um frio na barriga passava por mim. Era mais estranho ainda quando eu me dava conta de que ela era uma menina menor
de idade. Eu não tinha essa sensação quando observava Lissa, para mim ela era apenas alguém que eu deveria zelar e proteger.
O espaço do quarto era até gracioso exceto por uma raposa morta na cama de Lissa. Com toda a excitação ninguém parecia lembrar que Rose não deveria estar ali, já que estava sendo punida por ter fugido com a princesa.
Fora do quarto, outras meninas Moroi se aglomeravam para ver o que estava acontecendo. Natalie abriu caminho entre elas e perguntou o que era toda aquela bagunça em seu quarto. Quando ela viu a cena parou de repente.
Choque e desgosto passavam pelo rosto de todos que estavam no local.
Lissa e Rose começaram a cochichar uma com a outra, meus ouvidos estavam atentos.
―Ela ainda estava viva quando eu voltei.‖ Lissa disse. ―Por muito pouco. Oh Deus, ela estava se contorcendo. Ela deve ter sofrido tanto.‖
"Você –?" Você o que? Eu queria muito saber o que Rose estava dizendo, mas ela não completou a frase.
―Não... eu queria... eu comecei...‖ Começou O QUE? Eu estava perdido com essa conversa em códigos.
―Então esqueça sobre isso‖. Rose disse de forma ríspida. ―É estúpido. Uma brincadeira estúpida de alguém. Eles vão limpar tudo. Até mesmo lhe dar um quarto novo, se você quiser.‖
Lissa voltou seu olhar para Rose: ―Rose... você lembra... aquela vez...‖
Eu estava começando a suspeitar que elas falavam sobre o acidente que matou a família Dragomir, apenas Lissa e Rose saíram ilesas.
―Pare com isso, ―Esqueça sobre isso. ―Isto não é a mesma coisa.‖ Rose falou.
―E se alguém viu? E se alguém sabe?...‖
Viu o que? Saber o que? Eu ainda estava confuso com as palavras da princesa.
Lissa estava prestes a desmoronar em lágrimas novamente, Rose a apertou com força contra seu peito ―Não. Não é o mesmo. Não tem nada a ver com aquilo. Você me ouviu? Vai ficar tudo bem. Tudo vai ficar bem‖.
Lissa concordou, mas não parecia que estava acreditando muito no que a amiga dizia.
―Limpe isso,‖ Kirova disse severamente para a inspetora. ―E descubra se alguém viu algo.‖
Alguém finalmente se lembrou que Rose não poderia estar aqui e me ordenou que a levasse para seu dormitório imediatamente. Ela implorou para ficar perto de Lissa, mas ninguém deu ouvidos.
Eu fui com ela até o quarto dos aprendizes. Eu não disse nada até estarmos perto dos dormitórios ―Você sabe de alguma coisa. Alguma coisa sobre o que aconteceu. Foi isso o que você quis dizer quando falou à Diretora Kirova que Lissa estava em perigo?‖
―Eu não sei de nada. É só alguma brincadeira doentia.‖ Ela me respondeu.
―Você tem idéia de quem faria isso? Ou por quê?‖.
Ela fez uma pausa e concluiu: ―Não Nenhuma idéia‖.
―Rose, se você sabe de algo, me conte. Nós estamos do mesmo lado. Nós dois queremos protegê-la. Isto é sério.‖
Ela fez uma cara como se fosse me enfrentar: ―Sim, isso é sério. É tudo sério. E você fica me fazendo dar voltas todos os dias enquanto eu deveria estar aprendendo a lutar e defendê-la! Se você quer ajudá-la, me ensine alguma coisa! Me ensine a lutar. Eu já sei como fugir.‖
Pensei um pouco sobre a situação e a revolta de Rose, olhei com serenidade para ela e disse: ―Vamos lá. Você está atrasada para o treino.‖
OITO
Eu não tinha a menor certeza do que eu estava sentindo por Rose. Talvez fosse seu olhar, ou o modo como ela caminhava e lutava, sempre parecendo confiante em tudo que fazia. Talvez fosse essa dedicação intensa que ela tinha com a princesa. Não importava o que fosse. Diversas vezes eu me pegava pensando nela, no seu cabelo, e no seu perfume. Tinha um cheiro doce que me lembrava sensualidade misturada com vitalidade. Meus sentimentos por Rosemarie Hathaway foram ficando cada vez mais acentuados com cada sessão de treinamento. Eu ficava ansioso para vê-la, contava os minutos e durante minhas rondas cheguei a me distrair por lembrar dos seus olhos castanhos.
Depois do acidente com a raposa, a diretora Kirova me chamou em seu escritório. Pela primeira vez era ela quem queria falar comigo.
“Como isso foi acontecer?” Ela me perguntou frustrada. Eu sabia que ela estava comentando sobre o incidente ocorrido no quarto da princesa Dragomir. “Quem pode ter feito aquilo?”.
Ela me olhou esperando uma resposta, como se eu soubesse. “Pode ter sido qualquer um. Tudo que sabemos é que foi alguém aqui de dentro da Academia”.
“Sim a palavra chave é QUEM”. Ela se virou para janela. Eu percebi que ela sempre fazia isso. Como se às vezes ela quisesse estar em qualquer lugar menos aqui em seu escritório, lidando com esses problemas. Eu também pensava assim. Eu queria estar em qualquer outro lugar que não fosse aqui, ela tinha o hábito de me chamar em seu escritório apenas para expressar certas emoções.
“Bem, estando aqui dentro, pelo menos essa ameaça pode não ser tão perigosa”. Eu disse tendo certeza disso. Não poderia ser alguém de fora, deveria ser algum aluno,
guardião ou até mesmo algum instrutor. Era impossível que Strigois passassem pela nossa segurança, e humanos quase desconheciam a Academia por ser localizada em uma região bem isolada da cidade.
“Eu ouvi alguns rumores” Ela disse.
“Quais rumores diretora?” Eu perguntei, pois também havia pescado um rumor pior que o outro por ai.
“Rumores que Rose fez isso para ser expulsa, ela e Vasilisa armaram tudo”.
“Não.” Eu disse automaticamente. “Rose nunca faria isso”.
“Como você pode ter tanta certeza? Você é apenas o mentor de Hathaway, não fica ao lado dela durante 24 horas. Talvez ela tenha feito isso quando você não estava por perto.”
“Não.” Eu disse novamente. “Se você tivesse visto Rose quando... bem ela estava dentro da mente de Lissa. Quando a encontramos chorando no quarto, Lissa estava realmente descontrolada. Eu vi o modo como Rose agiu com a princesa. Ela jamais faria isso”
“Na cabeça de Lissa?” Diretora Kirova me olhou e achou que eu deveria estar louco.
“Faz parte do laço.” Eu disse repetindo a explicação de Rose. “Rose consegue sentir tudo que Lissa faz, mas Lissa não sente nada do que Rose está fazendo.”
Diretora Kirova estava calada enquanto fitava a janela. “Mantenha seus olhos em Rose de qualquer forma. Passe mais tempo ao lado dela. Se você tem certeza que ela não fez isso... bem eu terei que acreditar em você Belikov.”
Eu concordei. Passar mais tempo ao lado dela? Para mim parecia como uma desculpa para fazer o que meu coração mandava. Ficar mais tempo perto de Rose Hathaway?! Isso não era muito difícil.
Espere. Eu jamais deveria ter pensado isso, não dessa forma, isso não é nada bom. Eu não devo pensar nela desse jeito. Mesmo ela sendo uma menina linda, que tem um olhar sexy e um cabelo castanho comprido que me faz....
“Guardião Belikov”. Ela voltou a me dizer algo e eu agradeci por me dispersar dos meus pensamentos insanos. Mas antes que a diretora continuasse um estudante entrou no escritório.
“Sr. Ozera o que está fazendo?” Diretora Kirova questionou.
“Professor Meissner me mandou para vê-la.” Ozera disse, respondendo a pergunta de Kirova.
Diretora Kirova levantou suas sobrancelhas. “Você foi mandado até mim para que dessa vez?”
O jeito que ela falou me deu a impressão que ele sempre se metia em problemas, assim como Rose.
“Eu coloquei fogo em Ralf Sarcozy” ele disse de uma forma casual.
Eu e a Sra. Kirova olhamos para ele chocados.
“Você fez o que?” A diretora perguntou, seus olhos estavam arregalados. Eu acho que era a deixa para que eu saísse do escritório, mas optei ficar.
“Eu coloquei fogo em Sarcozy porque ele estava falando umas besteiras sobre Rose, Lissa e a raposa. Ele estava dizendo que elas fizeram isso para fugir”. Ele encolheu seus ombros. “Eu não gostei da forma como ele falou de Lissa e Rose”.
Nessa hora ele subiu no meu conceito. Eu nunca tinha reparado muito em Christian Ozera, na verdade, ninguém reparava. Ele era um garoto da realeza de olhos azuis, seus pais eram o clássico exemplo de Morois que se tornaram Strigoi. Eu conhecia um pouco da sua família. Os pais de Christian tentaram seqüestrá-lo e transformá-lo também, mas a tia do garoto, Tasha o protegeu até alguns guardiões chegarem ao local. Ela se machucou um bocado, mas o menino saiu ileso.
A parte engraçada era que ninguém sabia como usar mágica de forma ofensiva. Então eu me lembrei de Tasha. Ela se tornou uma grande aprendiz desse tipo de mágica, usando seus elementos para própria defesa depois que os pais de Christian... morreram. Eu poderia fazer uma aposta de que era com ela que ele estava aprendendo também. "Independentemente do motivo pelo qual você fez isso, você ainda estava usando magia de forma ofensiva. O que é proibido pelas nossas leis. Como punição, será suspenso por uma semana."
Christian concordou com a diretora e se levantou para deixar o escritório.
“Que isso não se repita”. Diretora Kirova avisou.
Quando ele se foi diretora Kirova me fitou. “Eu acho que você não é o único que acredita na inocência de Rose.”
“É. Acho que não.”
“Muito bem, Guardião Belikov, você está dispensado, mas se lembre de manter os dois olhos em Rose. O comportamento de um mentor é refletido em seu aluno. Lembre-se bem.”
Eu concordei e sai. Christian Ozera estava usando magia para defender Lissa e Rose. Será que ele fez isso pela Rose? Ou pela Lissa? Independentemente da razão pela qual ele tinha feito, eu não pensei em nenhuma das duas
com Christian. Bom na realidade eu não achei que ele fazia muito o tipo de Rose. Ou talvez eu não quisesse que ele fizesse o tipo dela.
Um sinal de frustração aparecia em mim. Porque comigo? Porque eu tinha que me apaixonar por Rose? Me apaixonar? Eu já estava confirmando isso. Não, eu não estava apaixonado, deveria ser apenas um interesse e curiosidade sobre ela, ela era uma menina. Eu já era um Guardião formado com vasta experiência. Minha cabeça sempre esteve no lugar, eu jamais iria me sentir atraído por uma garotinha. Mas, se isso fosse verdade, se minha razão aceitasse o que meu coração dizia, sem dúvidas que isso não acabaria bem, nada bem.
E então lá estava a frase de Kirova ecoando em minha mente “O comportamento dela reflete o que você é”. É claro que reflete, eu que a estava treinando e ensinando táticas de defesa e ataque, ela lutaria como eu um dia, conheceria meus movimentos e as melhores formas de defesa. Eu até achava isso muito bom, já que em breve trabalharíamos com Lissa, seria como ter uma parceira com movimentos treinados, onde um sabia qual seria o próximo passo do outro. Muito mais fácil para nos livrarmos de situações indesejáveis.
Porém quando Kirova falou em comportamento, ela não estava falando de técnicas de batalha, ela estava falando de atitudes pessoais e ao mesmo tempo em que Rose progredia nos treinos, todos sabiam que ela era uma menina difícil e respondona, realmente desrespeitosa na maioria das vezes. Ela conseguiu me provar isso logo no primeiro dia, quando ficou pensando que eu era mão de obra estrangeira barata. Isso era o cúmulo da falta de respeito.
Mas no fundo o que eu queria mesmo é que ela me notasse como eu a notava. Durante o treino, às vezes eu a pegava me analisando como se estivesse me notando. Será que ela poderia estar interessada em mim também?
Não, mas é claro que não, eu pensei. Isso é estupido, pensar nisso é estúpido, pensar nela era estúpido. É algo totalmente inadequado. Altamente inadequado.
Mas, eu não podia fazer nada com esse sentimento
Estava ficando cada vez mais forte.
NOVE
Fique de olho em Rose. Isso que a Diretora Kirova me pediu para fazer. Eu já estava pensando em me aproximar da Rose por um motivo altamente profissional. Nem toda hora ela estava ao lado de Lissa, porém elas tinham um laço, uma ligação que possibilitava a vigilância de Rose. A escola era muito segura, mas algum engraçadinho estava brincando ou assustando a princesa. Ela era uma garota que teria traumas por perder seus pais de forma trágica e repentina e eu precisava descobrir quem estava fazendo isso com ela. Como seu futuro guardião minha obrigação era mantê-la segura, porém eu precisava treinar Rose. Estando perto de Rose, eu estaria com Lissa. Pensando bem, eu gostaria de passar meu tempo com Rose por diversas causas, mas eu preferia ignorar esses outros motivos.
Aquela noite decidi procurar Rose em seu dormitório para ver se ela queria mesmo começar a treinar com seriedade. Começar a lutar de verdade e aprender muito além de corridas e ataques básicos. Eu iria fazer uma proposta e ela precisava se comprometer. Ela iria perder o pouco do tempo livre que tinha, mas pelo menos eu a manteria longe de problemas e confusões.
Toquei na porta do seu dormitório, não obtive respostas, resolvi abrir e me dei conta de que ela não estava ali. Onde essa menina teria se metido há essa hora?! Procurei por tudo. Nada. Quando já estava voltando ao meu dormitório decidido a conversar com ela mais tarde pensei em procurar nas salas do quarto andar. Mas porque Rose iria até lá? Se ela quisesse fugir pularia pela janela do próprio quarto. Mas sua janela estava fechada, não havia rastros de fuga.
Alguns anos atrás o quarto andar era o dormitório de alguns guardiões, mas atualmente estava vazio.
Eu dei de ombros e resolvi ir até lá. Subir mais alguns andares não me custava nada, talvez ela estivesse lá, talvez não. Eu não iria ficar com essa dúvida.
Quando eu estava no último lance de escadas comecei a ouvir vozes.
―Mas você quer. Você gosta. Todas as garotas dhampirs gostam.‖ Um garoto disse.
Em resposta ouvi uma voz que me deixou realmente furioso. "Pare," ela disse gentilmente. "Eu lhe disse, eu não sou assim. Mas se você quiser fazer alguma coisa com sua boca, eu posso te dar algumas idéias."
―Sim? Como o q—―
Eu não iria agüentar continuar ouvindo aquilo, arrebentei a porta. Rose e o garoto deram um pulo e rapidamente se afastaram um do outro. Eu atravessei o quarto e peguei o garoto pelo colarinho da camisa.
―Qual seu nome?‖ Gritei com ele.
"J-Jesse, senhor. Jesse Zeklos, senhor." O garoto gaguejou.
"Sr. Zeklos, você tem permissão para estar nesta parte do dormitório?" Não claro que ele não tinha permissão.
―Não, senhor.‖
"Você conhece as regras sobre as interações entre o sexo masculino e feminino por aqui?" Sim ele conhecia as regras.
"Sim, senhor."
"Então eu sugiro que você saia daqui o mais rápido que puder antes que eu lhe entregue para alguém que irá lhe punir de acordo. Se eu te ver mais alguma vez desse jeito‖ – Eu apontei para Rose que estava no sofá - "Serei eu quem irá te punir. E vai doer. Muito.Você entendeu?" Droga, claro que iria doer. Se eu pegasse Rose novamente quase sem roupas com ele, ou com qualquer outro cara, isso iria ser muito perigoso, com certeza eu arrebentaria a cara do palhaço.
Os olhos do garoto estavam arregalados. ―Sim, senhor‖
―Então vá‖ Eu o soltei e virei para Rose, ela estava seminua. Como ela poderia se sujeitar a isso?
Quando eu olhei para ela. Eu quero dizer que eu realmente olhei para ela. Fiquei um pouco surpreso.
Ela estava encolhida no sofá, vestindo apenas calça jeans e um sutiã preto. Percebi o quanto ela era atraente e sensual. Ela ficou vermelha quando percebeu que eu estava olhando com segundas intenções. Imediatamente eu me senti sem graça. Ótimo, realmente muito bom. Eu estava reparando no corpo dela quando seus olhos me fitaram, eu fui um estúpido de deixar que isso transparecesse.
―Você vê alguma coisa de que gosta?‖ Ela perguntou naquele jeito casual de sempre. Sim eu tinha visto muita coisa que eu gostava. Não, eu não deveria pensar nisso.
―Se vista.‖ Eu disse, minha expressão voltou a ser firme, tudo que meu rosto entregou segundos atrás, agora eu conseguia esconder com uma expressão séria e compenetrada.
―Como você me achou? Você está me seguindo para ter certeza que eu não fugi?‖
Uau, ela era boa, minha própria raiva deveria estar me entregando agora. Eu não a estava seguindo, mas a idéia da fuga passou mesmo pela minha cabeça. Me inclinei até ela. ―Fique quieta‖. Pense em alguma mentira Dimitri, pense em algo para responder para essa menina. Pense em qualquer coisa que não seja o quanto ela está bonita nesse momento! ―Um zelador viu você e relatou isso. Você tem alguma idéia do quão estúpido isso foi?‖
―Eu sei, eu sei, toda essa coisa de condicional, né?‖
―Não só isso. Eu estou falando da estupidez de ficar nesse tipo de situação em primeiro lugar.‖
―Eu fico nesse tipo de situação todo o tempo, camarada. Não é grande coisa.‖
―Pare de me chamar disso. Você nem sabe do que você está falando.‖
―Claro que eu sei. Eu tive que fazer um relatório sobre a Rússia e a R.S.S.R no ano passado.‖
―U.R.S.S. E é uma grande coisa para um Moroi estar com uma garota dhampir. Eles gostam de se gabar.‖
―E daí?‖
―E daí?‖ Eu dei um olhar de desgosto para ela. ―Você não tem nenhum respeito? Pense em Lissa. Você faz você mesma parecer fácil. Você vive de acordo com o que muita gente já pensa sobre garotas dhampirs, e isso reflete nela. E em mim.‖ Eu disse essa última parte pensando no que Kirova tinha me falado anteriormente.
―Oh, entendi. É sobre isso que estamos falando? Eu estou ferindo seu grande e malvado orgulho masculino? Você está com medo de que eu arruíne a sua reputação?‖
―Minha reputação já esta formada, Rose. Eu defini minhas metas e batalhei por elas há muito tempo. O que será da sua ainda está para ser visto. Agora volte para o seu quarto – se você conseguir fazer isso sem se atirar em outra pessoa.‖
―Este é o seu jeito sutil de me chamar de vadia?‖
Eu não tinha a chamado de VADIA, eu só queria que ela enxergasse o quanto essa situação era desagradável, eu não queria mais esses garotos imaturos falando dela por ai, eles não sabiam nada sobre a vida ou sobre sexo, só estavam em uma fase hormonal complicada. O que eles queriam era ganhar a garota e sair se mostrando para os amigos, eu sei como os adolescentes de hoje em dia costumam agir.
―Eu ouço as histórias que vocês contam. Eu ouvi histórias sobre você.‖
Ela piscou, e seus olhos estavam cheios de lágrimas. Hora de parar Belikov, eu pensei.
―Porque é tão errado... não sei, se divertir? Eu tenho dezessete anos, sabe. Eu deveria poder aproveitar isto.‖
Minha voz era firme, porém carinhosa quando eu falei depois disso:
―Você tem dezessete, e em menos de um ano, a vida e a morte de alguém vai estar em suas mãos. Se você fosse humana ou Moroi, poderia se divertir. Você poderia fazer coisas que as outras garotas podem.‖
Eu achava vulgar essas garotas que saiam por ai com qualquer um, mas eu não queria que Rose soubesse que eu estava com um pouco de ciúmes e que eu não queria ela em situações
constrangedoras e nem na boca de nenhum adolescente mimado. Não, eu não queria isso para Roza.
―Mas você está dizendo que eu não posso.
Me distanciei dela. ―Quando eu tinha dezessete anos eu conheci Ivan Zeklos. Nós não éramos como você e Lissa, mas nos tornamos amigos, e ele me requisitou como seu guardião quando eu me formei. Eu era o melhor estudante da escola. Eu prestava atenção em tudo nas minhas aulas, mas no fim, não foi o suficiente. É assim que é nessa vida. Um deslize, uma distração...‖ Eu suspirei ―E é tarde demais‖.
―Jesse é um Zeklos,‖
―Eu sei‖
―Isso incomoda você? Ele te faz lembrar de Ivan?‖
Sim, isso me incomodava um pouco. Bastante na verdade. ―Não importa como eu me sinto. Não importa como nenhum de nós nos sentimos.‖
―Mas isso incomoda você. Você sofre. Todos os dias. Não é? Você sente falta dele.‖
Olhei surpreso para ela. Eu me senti como se ela tivesse lido minha mente. Todo dia eu sentia saudades dele, isso me machucava. Mas a minha surpresa sumiu: ―Não importa como eu me sinto. Eles vêm antes. Protegê-los.‖
Ela pareceu pensar em alguma coisa durante alguns segundos e concordou: ―Sim, eles vêm.‖
Ouve um grande momento de silêncio no ambiente.
―Você me falou que quer lutar, realmente lutar. Isto ainda é verdade?‖ Eu perguntei. Estava falando agora o que eu queria ter falado mais cedo.
―Sim. Absolutamente.‖
―Rose... eu posso te ensinar, mas eu tenho que acreditar que você vai se dedicar. Se dedicar realmente. Eu não posso ter você distraída com coisas como esta.‖
Eu gesticulei ao redor da sala, e acrescentei mentalmente que não queria ela fazendo certas coisas com outros garotos. ―Eu posso confiar em você?‖
―Sim, eu prometo.‖
―Tudo bem, então vou te ensinar, mas preciso que você seja forte. Eu sei que você odeia a corrida, mas é realmente necessário. Você não tem idéia de como são os Strigois. A escola tenta preparar vocês, mas até você ver o quão forte e rápido eles são... bem, você não pode nem imaginar. Portanto eu não posso parar com a corrida e o condicionamento. Se você quiser aprender mais sobre luta, precisamos adicionar mais treinamentos. Eu vou tomar mais do seu tempo. Você não vai ter muito tempo de sobra para os deveres ou para qualquer outra coisa. Você ficará cansada. Muito cansada.‖
Ela pensou um pouco e então me disse: ―Isso não importa, o que você disser para fazer, eu farei.‖
Eu a estudei, tentando ver se havia verdade naquelas palavras. Se eu poderia confiar nela.
E finalmente assenti satisfeito: ―Começaremos amanhã.‖
Quando deixamos a sala do quarto andar, uma parte de mim se sentia como se fosse o momento mais feliz em St. Vladimir desde que cheguei, tive vontade de abraçá-la.
Tudo isso por causa de uma garota adolescente, por causa da Roza.
DEZ
No decorrer dos dias a única coisa que eu conseguia pensar era em Rose. Aquela imagem, dela de jeans e sutiã, não saia da minha cabeça.
Era inacreditavelmente frustrante que eu não conseguisse me concentrar em outra coisa que não fosse Rose, seu corpo, seu cabelo, seus olhos, e até das suas lágrimas naquela noite eu me lembrei. Eu não queria que ela tivesse chorado. Talvez eu tenha sido um pouco rude, mas foi necessário. Eu precisava que ela levasse as coisas com seriedade. Eu não estava brincando quando me comprometi com Kirova que cuidaria dela. Ela precisaria se dedicar mais que qualquer aluno da St. Vladimir.
Mas porque eu não podia ter visto Rose em seu quarto? Porque aquela noite ela não estava quieta em seu dormitório, lendo um livro, ouvindo uma música, estudando, dormindo que fosse. Porque eu tinha que vê-la se agarrando com um Zeklos. Nada disso teria acontecido se eu não fosse nomeado como seu mentor. Nessa hora eu pensei: Eu e minha boca grande. Se ela tivesse sido expulsa da Academia, eu não precisaria ser seu mentor e nem passar por isso, esses sentimentos jamais teriam tomado conta de mim. Confesso que a achei interessante e diferente de outras Dhampirs desde o primeiro dia. Mas ela era uma garotinha, uma adolescente anos mais nova que eu. Se eu não tivesse aceitado participar dessa missão eles teriam designado outro guardião e quem sabe esse outro estaria tomando conta de Rose agora.
Mas será que eu queria que ela fosse treinada por outro guardião? Que outro fosse designado para ser seu mentor?
Não. Absolutamente, isso era uma coisa que eu não queria. E ainda por cima tinha Lissa. Eu estava aceitando a idéia de ser seu Guardião. Eu gostava da Princesa Dragomir, de um jeito diferente de como eu estava gostando da Roza, é claro. Mas ser Guardião de uma mulher seria bem diferente, já que durante esses anos eu cuidei apenas de um Zeklos.
Zeklos, esse sobrenome agora me embrulhava um pouco o estômago, eu imaginava aquele garoto colocando suas mãos em Rose, tirando sua blusa, envolvendo seu cabelo e beijando seu pescoço. Não, eu não queria imaginar ela dessa forma com ele e com mais ninguém. Ela era uma garotinha, não deveria fazer esse tipo de coisa ainda. Ela tinha muito que aprender sobre a vida, precisava se dedicar inteiramente a guardas e Lissa. Era essa sua função. Rose deveria me respeitar e me obedecer, eu sabia o que era melhor para ela, e com certeza não era sair por ai se pegando com qualquer um.
Diversas vezes tentei parar de pensar em Roza, mas quando menos eu esperava me pegava admirando sua beleza antes, durante e depois das aulas práticas. Porque eu nunca tinha reparado o quanto ela era interessante? Ela tinha me intrigado, mas não dessa forma. Eu estava começando a enxergar Rose de um jeito diferente. Talvez meu coração sempre soubesse disso, mas agora meu bom senso estava começando a falhar. Algumas imagens impróprias encheram a minha cabeça. Eu me pegava pensando em estar com Rose na cama, beijando-a, envolvendo-a em meus braços, tocando seus lábios, sua cintura, sentindo seu abraço, sua pele. Ah como meu corpo desejava aquele toque.
Como isso começou? Antes essa insanidade não estava me atormentando tanto. Mas agora, eu não deveria mais ser o guardião de Lissa, eu teria que deixá-la.
Mas eu não tinha como fazer isso, que desculpa eu usaria? Olá Princesa Vasilisa, venho por meio deste dizer que não estou inclinado a aquiescer a solicitação da Academia St. Vladimir de ser seu guardião, pois estou ficando completamente maluco com a sua melhor amiga, e não é pelo fato dela ser uma bagunceira e tudo mais, é porque ela mexe com os meus sentidos, de todas as formas.
Rose estava cumprindo sua promessa, chegava mais cedo para treinar e ficava até mais tarde. Não se queixava da quantidade de trabalho que eu a obrigava praticar. Foi muito difícil me manter como profissional. Eu não tinha certeza daquele sentimento, então porque era tão difícil estar com Rosemarie Hathaway? Eu me sentia confuso, nem eu sabia o que estava acontecendo com a minha mente. Tinha horas que eu tinha certeza que estava apaixonado pela dhampir, tinha horas que eu ainda duvidava que isso estivesse acontecendo comigo. Justo comigo. Alguém que sempre foi muito
centrado e dedicado ao trabalho. Rose realmente estava me tirando do eixo atualmente.
Eu estava andando por toda a quadra quando um dos instrutores veio até mim, Nagy.
―Belikov só quero te parabenizar pelo tratamento de Hathaway‖
O que diabos ele quis dizer? Estava evidente que vinha tratando ela diferente? ―Sobre o que você está falando Nagy?‖
―Estou falando sobre vc ter encontrado ela junto com Jesse Zeklos. Ela e a garota Dragomir estavam passando bilhetinhos na minha clase. Ela disse que você deu um ―puta sermão‖. Bom trabalho. Essa menina sai muito da linha.‖
―Eu não dei um puta sermão‖. Eu neguei. ―Nós discutimos porque ela não deveria estar fazendo aquilo.‖
Ele me deu uma olhada e se despediu, retornando ao seu quarto.
De qualquer forma, todo mundo ficou sabendo. Até o fim do dia iriam surgir boatos desagradáveis sobre Rose. Pelo menos ninguém tinha idéia de como eu tinha admirado Rose naquela noite.
Dei um suspiro desejando ter alguma idéia de como eu poderia proteger Rose de tudo isso.
ONZE
Já fazia um mês que eu e um grupo grande de Guardiões tínhamos resgatado e trazido as duas garotas foragidas de volta para Academia, portanto faria um mês que eu vinha treinando com Rose. Naquele dia decidi que começaria a treiná-la com táticas diferentes, especializadas para matar Strigois. Vesti uma camiseta habitual e uma calça de moletom, costumava usar isso quando estava com tempo livre pra treinar e exercitar meus golpes. Me auxiliava bastante para realizar movimentos precisos.
Pelo menos Rose não estava atrasada.
Quando a vi chegando ao ginásio percebi que ela me olhava da cabeça aos pés. Tentando não pensar nisso, coloquei- a na minha frente, de modo que ficássemos bem próximos um do outro. ―Qual é o primeiro problema que você vai encontrar quando confrontar um Strigoi?‖ Perguntei.
―Eles são imortais?‖
―Pense em alguma coisa mais básica.‖
Ela respondeu. ―Eles podem ser maiores que eu. E mais fortes.‖
Eu concordei. ―O que torna isso difícil, mas não impossível. Você pode usar a altura e peso extra de uma pessoa contra elas.‖
Demonstrei algumas manobras para ela praticar.
―Vá em frente. Tente me bater‖.
Com ela não precisava pedir duas vezes. Rose avançou rapidamente e tentou me golpear, eu a golpeei primeiro levando-a direto para o tatame. Ela pulou novamente.
Depois de falhar algumas vezes, ela se levantou e pediu um tempo. ―Ok, o que eu estou fazendo de errado?‖
―Nada‖.
Ela não parecia estar convencida disso. ―Se eu não estivesse fazendo nada errado, eu já teria deixado você inconsciente.‖
Eu segurei um sorriso. ―Improvável. Seus movimentos estão certos, mas é a primeira vez que você tenta. Eu faço isso há anos.‖
Ela balançou a cabeça e rolou os olhos. ―Tanto faz o que você diz vovô. Podemos tentar de novo?‖
―Nós não temos tempo. Você não quer se arrumar?‖ A rainha estava chegando e todos foram autorizados a participar de um banquete oferecido pela Academia em celebração ao Dia de todos os santos.
Ela olhou para o relógio e disse: ―Inferno, sim, eu quero.‖
Sai do ginásio antes dela, mas senti que ela estava me estudando, logo imaginei quais seriam seus planos.
Rose pulou nas minhas costas, mas antes que pudesse fazer contato, me virei. Em um movimento rápido, eu a agarrei e a joguei no chão, prendendo seus pulsos, nossos olhos se encontraram, ela era sensual até mesmo quando estava lutando, ou querendo me pegar despreparado.
Ela gemeu: “Eu não fiz nada errado!”
Olhei no fundo dos seus olhos e pressionei mais ainda seus pulsos no chão. Tê-la presa daquela forma, sob meu domínio, era divertido e bem interessante, meu coração estava levemente acelerado, e eu tinha certeza que estava sorrindo com os olhos. ―O grito de guerra meio que te entregou. Tente não gritar da próxima vez.‖
―Faria diferença se eu tivesse ficado quieta?‖
Eu pensei um pouco e respondi: ―Não. Provavelmente não‖
Ela deu um suspiro alto. Eu sabia que deveria me levantar e deixá-la ir agora, pois essa posição nos deixava em uma situação um tanto quanto perigosa. A qualquer momento se eu decidisse me inclinar um pouco mais, poderia alcançar seus lábios. Nossos rostos estavam muito próximos, meu corpo estava sobre o dela e eu a segurava entre as minhas pernas.
Rose não demonstrou nenhuma reação por estar nessa posição, eu pelo contrário gostei. Talvez ela tivesse gostado e estava tentando não demonstrar. Será que isso seria possível? Não...Com certeza não!
―Então hm... você tem algum outro movimento para me mostrar?‖ Ela disse.
Meus lábios se contraíram, eu queria sorrir para ela e responder, claro que eu tenho Roza, vou te ensinar agora. Droga. Eu nunca deveria ter feito isso. Espantei esses pensamentos da minha mente. Saí de cima dela e me levante. ―Venha. Precisamos ir.‖ Eu disse me mantendo sério.
Ela tropeçou nos próprios passos e eu a ouvi me seguindo. Eu não olhei para trás. Eu tinha um objetivo ecoando na minha mente. Fique longe de Rose Hathaway e bem rápido.
--
A parte da Academia onde se localizavam as áreas comuns foram transformadas em um lindo salão de jantar. As mesas estavam arrumadas em linha reta, formando um extenso corredor. A rainha estava andando por ali.
Os guardiões estavam alinhados na parede. Eu me mantive olhando para frente, me recusando a olhar para Rose. Depois do que havia acontecido no ginásio, mais cedo, era melhor que eu a evitasse por uns tempos.
Todos se levantaram em respeito à realeza que estava caminhando ao redor da mesa.
Uma vez que o grupo real passou, quatro guardiões entraram na área comum. Todos, menos os guardiões, se curvaram até o joelho. Era um gesto de lealdade e fidelidade.
Rainha Tatiana era seguida por seus guardiões. Ela se moveu vagarosamente com os quatro guardiões mantendo sua guarda.
A Rainha sorria de um lado para o outro entre os novatos. Quando ela fitou um grupo de Moroi ela pausou para falar com um estudante da realeza.
―Vasilisa Dragomir.‖
Eu olhei para Rose. Ela levantou a cabeça para ter uma visão melhor. Rose não usava vestido, nem sapatos de bico fino e salto alto, porém ainda estava linda. Seus cabelos eram castanhos e eu ainda me lembrava do cheiro do seu shampoo, comecei a imaginar como seria tocar seus lábios. Tudo naquela garota eu admirava, ela era decidida, um pouco rebelde, respondona, e linda. Depois da nossa conversa quando eu a peguei com Zeklos tive que tirar a irresponsabilidade da minha lista de adjetivos para Rose, ela estava sendo bem comprometida, tudo que seu coração mais desejava era manter Lissa a salvo.
Eu estava tão ocupado observando Rose, que a única coisa que ouvi da conversa da Rainha e Lissa, foi o final.
―Sim, você provavelmente tem um nome com poder. Seus nomes representam as melhores qualidades que uma pessoa pode oferecer e olhando para o passado esperar por atos de grandeza e valor.‖ Ela pausou. ―Mas, como você teve demonstrando, nomes não fazem uma pessoa. Nem tem qualquer relação no que essa pessoa se transforma.‖
Depois dessa Rainha Tatiana se virou e prosseguiu.
A sala estava inteira em choque, inclusive eu que tinha pegado a conversa no final.
Pelo que conhecia de Rose, pude jurar que ela pularia no pescoço da rainha a qualquer momento. Desejei que ela se controlasse e fosse contra as suas próprias vontades. Sorte dela se isso acontecesse. Caso contrário eu mesmo teria que ser sua própria sorte. Estava atento para bloqueá-la antes que ela pensasse em agir, assim como mais cedo quando ela quis me surpreender após o treino.
Durante todo o jantar Rose estava impaciente, ela deveria estar sentindo todo o constrangimento de Lissa através do laço.
--
Quando o jantar terminou, Lissa saiu em direção ao pátio. Eu estava pensando em segui-la, mas vi Rose indo atrás dela. Eu iria esperar e dar um segundo para que elas conversassem. A Princesa precisava disso.
Andei até o jardim uns minutos depois para encontrar Rose. A diretora Kirova me disse para levá-la diretamente ao seu dormitório após o jantar.
Eu a vi e continuei caminhando. Ela estava cercada por um grupo de meninas. Com certeza Rose estava prestes a entrar em uma briga, logo percebi pela sua cara.
Acelerei meus passos e me coloquei o mais rápido possível perto dela. ―Está tudo bem?‖ Perguntei, cruzando os braços.
―Certamente, Guardião Belikov.‖ Rose disse sorrindo. Eu poderia ver que ela estava louca de raiva. ―Nós estamos apenas trocando histórias familiares. Já ouviu a de Mia? É fascinante."
―Vamos.‖ A garota Mia disse para suas amigas, indo embora. Percebi o jeito que ela olhou para Rose. Aquele olhar indicava que uma vingança estaria por vir.
―Eu deveria levá-la de volta ao seu dormitório. Você não estava prestes a começar uma briga, estava?‖ Perguntei secamente, eu estava um pouco bravo com Rose, arrumar briga era a última coisa que ela deveria pensar em fazer aqui na St. Vladimir.
―Claro que não, eu não começo briga onde as pessoas tem platéia‖.
―Rose.‖ Lissa gemeu de um jeito como se pedisse que Rose não discutisse mais.
―Vamos. Boa noite, princesa.‖ Eu disse.
Me virei para ir, mas Rose permaneceu em seu lugar. ―Você vai ficar bem, Liss?‖ Ela perguntou.
A princesa concordou. ―Eu estou bem‖.
―Liss…‖
Lissa deu um pequeno sorriso. ―Eu disse a você, eu estou bem. Você tem que ir.‖ Respondeu acenando na minha direção.
Rose finalmente me seguiu. ―Nós deveríamos acrescentar um treinamento extra de autocontrole.‖ Eu disse para ela. Era essencial que um guardião conseguisse se controlar, por mais provocações que esteja passando. Eu por exemplo vinha me controlando bastante por estar ao lado dela.
―Eu tenho um abundante autocontr– hey!‖
Ela parou de falar quando viu Christan Ozera passando por nós. ―Você esta indo ver Lissa?‖ ela perguntou a Christian.
Ele colocou suas mãos no bolso. ―E se eu estivesse?‖
―Rose, essa não é a hora.‖ Eu disse. Nossa, ela realmente tinha um abundante autocontrole, mas com certeza não sabia muito bem onde ele estava.
Ela me ignorou. ―Por que você não a deixa em paz? Você está tão ferrado e desesperado por atenção que você não pode dizer quando alguém não gosta de você? Você é um tipo de assediador louco, e ela sabe disso. Ela me contou tudo sobre sua estranha obsessão – como vocês estão sempre no sótão juntos, como você ateou fogo em Ralf para impressioná-la. Ela acha você um esquisito, mas ela é muito boazinha para dizer alguma coisa.‖
―Mas você não é muito boazinha?‖
―Não. Não quando eu sinto pena de alguém.‖
―Já chega‖. Eu disse levando Rose dali, talvez ela tenha ido longe demais. Ozera me parecia ser uma boa pessoa, desde aquele dia na sala da Diretora Kirova. Então era com Lissa que ele estava saindo! Porque Rose disse isso para ele? Será que ela estava se metendo no relacionamento dos dois, ou realmente era algo que Lissa não queria falar para magoar os sentimentos do garoto?
Depois do meu aviso, Christian disse alguma coisa para Rose, mas eu não entendi. Ela compreendeu e avisou.
―Sem problemas.‖
Maryah
Maryah
Administradora
Administradora

Mensagens : 163
Data de inscrição : 05/01/2010
Idade : 33
Localização : Florianópolis-SC

https://anjos-caidos.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏ Empty Re: Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

Mensagem por Maryah Sáb Abr 10, 2010 11:15 am

DOZE
Deixei Rose no quarto dela e fui para o meu.
Eu não consegui dormir nada naquela noite, fiquei pensando nela, em Rose. Eu sempre me lembrava que em russo o nome dela seria Roza. Um nome lindo para uma garota linda.
Ugh eu tinha que parar com isso. Eu deveria – meu telefone tocou e eu felizmente fui atender.
―Belikov falando‖. Eu disse.
―Belikov, a garota Hathaway está insistindo para te ver imediatamente. Ela diz ser uma emergência, mas não quer dizer onde.‖ A inspetora que estava no corredor disse do outro lado da linha.
Eu me lancei para fora da cama. ―Estou indo agora mesmo‖.
Eu desliguei e me vesti. Uns minutos mais tarde eu já estava descendo as escadas, quando vi o olhar apreensivo de Rose. ―Lissa‖. Eu já sabia que para ela vir ao meu dormitório o assunto seria esse.
Com um aceno de cabeça ela confirmou minha suspeita.
Sem nenhuma palavra continuei descendo e andamos completamente em silêncio.
A inspetora do corredor de Lissa estava surpresa com a nossa chegada, mas não disse nada.
―Ela está no banheiro‖ Rose disse. ―Ela está muito chateada. Me deixe falar com ela sozinha, primeiro.‖
Eu deixei. Ela conhecia a princesa melhor que qualquer um. ―Sim. Dê a elas um minuto.‖
Ela empurrou a porta e entrou no banheiro.
A inspetora virou para mim e perguntou ―O que está acontecendo?‖
Balancei minha cabeça. ―Eu não sei, deixe Rose falar com ela e iremos descobrir‖.
Depois de alguns minutos eu bati na porta. ―Rose?‖
―Só um segundo‖ ela falou.
―Nós estamos entrando‖ falou a inspetora.
Eu e a inspetora entramos no banheiro, Lissa vestia um suéter. Havia sangue em todo rosto da princesa. Eu corri para o lado dela naquele instante.
―Não é meu. É... é do coelho...‖
Eu olhei para ela, tendo certeza que ela não estava ferida. ―Que coelho?‖ Ela apontou para a lata de lixo com as mãos trêmulas. ―Eu limpei. Para que a Natalie não visse.‖
Rose e eu caminhamos até a lata de lixo para darmos uma olhada. Tudo que eu podia ver era sangue e toalhas de papel embebidos com mais sangue. O cheiro era terrível.
Fui para próximo de Lissa, e a olhei nos olhos. ―Me diga o que aconteceu.‖ Entreguei a ela um pouco de papel.
―Eu voltei a mais ou menos uma hora. E estava aqui. Bem ali no meio do chão. Destruído. Foi como se ele tivesse... explodido. Eu não queria que a Natalie o encontrasse, não queria assustá-la... então eu – eu limpei tudo. Eu simplesmente não podia... não podia voltar...‖ Lissa começou a chorar, seus ombros tremiam.
―Ninguém deveria ser capaz de entrar nesses dormitórios!‖ – exclamou a matrona. ―Como isso está acontecendo?‖
―Você sabe quem fez isso?‖ Eu perguntei.
Lissa pôs a mão no bolso e puxou um pedaço de papel amassado. Rose e eu debruçamos para ler o que dizia: Eu sei o que você é. Você não vai sobreviver estando aqui. Eu vou me certificar disso. Vá embora agora. É o único jeito que você talvez possa sobreviver a isso.
A inspetora ficou em choque ―Eu vou buscar Ellen.‖ Ellen era o primeiro nome da Diretora Kirova.
―Diga a ela que estaremos na enfermaria,‖ Eu disse. Me virei para Lissa e falei ―Você deveria se deitar.‖
Ela não se mexeu. Rose envolveu seu braço no de Lissa, para convencê-la a ir: ―Vem, Liss. Vamos sair daqui.‖
Nós andamos devagar até a enfermaria. Quando chegamos lá, uma das enfermeiras disse que chamaria o médico. Eu pedi para ela não se preocupar. ―Ela só precisa descansar.‖ Eu disse.
Lissa já estava deitada quando a diretora e alguns outros apareceram para fazerem perguntas.
Rose se colocou entre eles e Lissa. ―Deixe ela em paz! Vocês não podem ver que ela não quer falar sobre isso? Deixem ela dormir um pouco primeiro!‖
―Srta. Hathaway, você está fora da linha como sempre. Eu nem sei o que você está fazendo aqui.‖
Eu perguntei a diretora se poderíamos conversar em particular por um momento. Deixamos a ala hospitalar.
―Lissa realmente não está bem, você deve deixá-la descansar primeiro‖ Eu disse firmemente.
―Não, nós precisamos saber o que esta acontecendo.‖ Ela sibilou.
Resolvi não responder. Depois de alguns segundos ela concordou comigo e retornou para enfermaria, se dirigindo à Lissa. ―Você pode ficar com ela por algum tempo. Nós vamos fazer com que os zeladores limpem tudo e façam uma investigação no banheiro e na sala, Srta. Dragomir, e então discutiremos a situação com detalhes pela manhã.‖
―Não acordem a Natalie,‖ sussurrou Lissa. ―Eu não quero assustá-la. Eu limpei tudo no quarto de qualquer forma‘.
O grupo deixou Lissa e Rose sozinhas.
―Belikov venha para meu escritório imediatamente‖ Diretora Kirova disse.
Pelo amor de Deus. Ela vai ficar me chamando para seu escritório toda vez que precisar extravasar seus sentimentos?
―Bem. Porque ela fez isso?‖ Ela exigiu enquanto fechava as portas.
―Não foi a Rose. Eu a vi com Lissa na recepção após o jantar. Eu mesmo a levei de volta para seu dormitório.‖ Ela concordou ―É. Poucas pessoas têm as chaves do dormitório.‖
―Mas qualquer um pode ter conseguido com outra pessoa.‖ Eu pontuei.
Ela deixou sua frustração transparecer. ―Eu suponho que seria bom fazermos uma ronda de hora em hora no quarto dela‖. ―Não. Não. Talvez... talvez, por um tempo, devemos deixar esses eventos acontecerem. Veja, as chances serão melhores se dermos um flagrante. Se montarmos uma equipe de busca, nunca descobriremos quem fez isso, pois o autor já saberá que estaremos em sua cola." Eu disse.
Ela pensou um pouco. ―Você está certo Belikov, volte para seu dormitório. Você precisa descansar um pouco, sua cara está péssima.‖
Eu concordei e sai do seu escritório.
Eu não tinha idéia o que tudo isso tinha significado. Mas percebi que Rose e Lissa sabiam de algo.
Eu senti uma onda de tristeza invadir meu peito, mesmo depois de tanto tempo treinando juntos, Rose ainda não confiava em mim para me contar certas coisas.
****
Durante o treino no dia seguinte, eu lancei um olhar curioso em Rose, ela parecia estar se sentindo miserável. A analisei com curiosidade, mas não perguntei nada. Eu ainda estava um pouco magoado por perceber que ela não confiava em mim.
Depois do treino, ela foi embora sem dizer uma palavra, ou algum dos seus comentários espertinhos de sempre.
Eu balancei minha cabeça. Deve ser alguma dessas coisas de garotas adolescentes.
Deixei o ginásio e fui para área comum. Enquanto eu andava notei um grupo de Morois da realeza comentando sobre algo que me fez parar.
―Sim! Ela transou com Ralf e Jesse e ainda deixou que eles bebessem seu sangue!‖ Uma garota dizia.
―Rose? Ela nunca faria isso com Ralf, Jesse sim, mas Ralf com certeza não‖ Uma outra disse.
Uma menina loira bufou: ―Ela é uma garota dhampir, ela vai acabar como a grande maioria delas. Uma meretriz de sangue‖.
Eu resisti à vontade de ir gritar com essas meninas. Agora eu sabia por que Rose estava tão chateada. Eu sabia que esses garotos adolescentes não prestavam. Tudo que eles queriam era se aparecer para os outros. Eu realmente quase peguei Rose com Zeklos. Mas com Ralf? Não, isso era mesmo impossível, ele não fazia o tipo dela. O pior de tudo é que essas crianças ainda inventavam coisas. Eu me lembro que Jesse tentou persuadir Rose aquela noite para morder seu pescoço, porém ela negou e em seguida eu entrei afastando os dois. Rose já tinha experimentado a adrenalina de ser mordida por um Moroi, eu me lembro de ter visto Lissa se alimentando dela na época em que fugiram. Porém Roza apenas queria o bem da princesa, isso não significava que ela era uma meretriz de sangue.
Eu estava quase chegando à área comum, quando vi Lissa correndo em minha direção.
―Princesa, é melhor você ir para o dormitório. Já é quase hora do toque de recolher.‖ Eu disse.
Ela me deu um olhar de súplica. ―Eu preciso falar com Rose. Você pode me ajudar a encontrá-la? Por favor?‖
Eu pensei um pouco e concordei ―Sim. Vamos lá‖.
Eu deixei Lissa do lado de fora dos dormitórios e fui até o quarto de Rose. Bati na porta.
Ela abriu. Estudando seu rosto, percebi que ela tinha chorado bastante. Desviei meu olhar, eu queria confortá-la. Pegá-la em meus braços e dizer que tudo ficaria bem, mas em vez disso eu apenas disse.
―Você está bem?‖
―Não importa se eu estou, lembra?‖ Ela me fitou. ―Lissa está bem? Isso vai ser difícil pra ela.‖
Eu estava surpreso. Ela estava mais preocupada com Lissa do que com ela mesma. Fiz um sinal para que ela me seguisse. Conduzi Rose até uma escada que geralmente ficava bloqueada para os estudantes e apontei para onde Lissa estava aguardando.
―5 minutos‖ eu disse.
Ela foi para fora e eu fechei a porta. Eu queria saber o que Lissa queria conversar com Rose, mas respeitei a privacidade das duas.
Cinco minutos depois, coloquei minha cabeça para fora. ―Você tem que entrar Rose, antes que alguém encontre você.‖
Ela lançou um olhar de pânico para Lissa. Sobre o que elas estavam conversando? Lissa se afastou dizendo: ―Eu vou cuidar de tudo dessa vez, Rose. Tudo.‖
Rose não parecia estar convencida. Ela voltou parecendo mais preocupada do que chateada.
TREZE
A mentira de Jesse e Ralf causou um péssimo efeito em Rose. Ela parecia que iria começar a chorar a qualquer momento.
Eu a vi andando sozinha pelo campus, ignorando tudo e todos ao seu redor.
Eu queria saber o que fazer para deixá-la se sentir melhor, eu estava com muita vontade de mandar esses dois garotos diretamente para o inferno por fazerem a Roza passar por isso. O que o regulamento da escola dizia sobre difamação e calúnia?
Uns dias depois, Rose veio para aula de práticas com um olhar preocupado. Essa expressão se manteve desde que ela conversou com Lissa em uma noite que a Princesa me procurou.
Nós saímos para correr como sempre. Eu queria conversar com ela sobre os rumores, mas sabia que isso só a deixaria mais chateada. Eu queria dizer a ela que eu nunca acreditei em nada daquilo, eu sabia que ela jamais faria essas coisas de que estava sendo acusada.
Mas eu não disse nada.
Quando acabamos nossa corrida eu ensinei alguns exercícios ofensivos onde ela poderia usar qualquer tipo de arma improvisada para me atacar.
Ela me olhou surpresa, pois conseguiu me golpear algumas vezes. Embora esses golpes a deixassem mais danificada.
Finalmente eu pedi uma pausa.
Nós carregamos o equipamento de volta para outra sala. Enquanto eu guardava tudo, comecei a observá-la, confesso que dei uma boa olhada nela.
―Suas mãos.‖ Amaldiçoei em russo. Ela queria saber o que aquelas palavras significavam, mas eu jamais falaria. ―Onde estão as suas luvas?‖
Ela olhou para suas mãos. O frio fez com que sua pele ficasse ressecada e rachada, havia sangue em alguns locais. ―Não tenho nenhuma. Nunca precisei delas em Portland.‖
Xinguei de novo e mandei ela se sentar em uma cadeira. Fui pegar um kit de primeiros socorros. Limpando o sangue em suas mãos com uma toalha molhada em disse: ―Vamos pegar alguma pra você.‖
―Isso é apenas o começo, não é?‖ Ela me perguntou.
―Do que?
―Eu. Me transformando em Alberta. Ela... e todas as outras guardiãs. Elas são todas acabadas. Lutando e treinando sempre ao ar livre – elas não são mais bonitas.‖ Ela pausou: ―Isso... essa vida. Destruiu elas. A aparência delas, eu quero dizer.‖
Eu hesitei. Deslizando meus olhos até os dela eu disse: ―Não vai acontecer com você. Você é muito...‖ Oh não, ela era muito o quê? Muito bonita, linda, interessante, atraente, desconcertante, deslumbrante, elegante.. Nenhuma dessas palavras eram apropriadas para dizer a uma estudante, então eu apenas conclui: ―Não vai acontecer com você.‖
―Aconteceu com a minha mãe. Ela costumava ser linda. Eu acho que ela ainda é, mais ou menos. Mas não do jeito que ela costumava ser. Não a vejo faz um tempo. Ela poderia estar parecendo completamente diferente até onde eu sei.‖ A última parte soou um pouco amargurada.
―Você não gosta da sua mãe.‖ Observei.
―Você notou, é?‖
―Você mal a conhece.‖ Eu retruquei casualmente.
―Esse é o ponto. Ela me abandonou. Ela me deixou pra que eu fosse criada pela Academia.‖
Eu terminei de limpar as mãos de Rose e encontrei uma pomada cicatrizante para passar. Comecei a esfregar em sua pele, eu mal podia acreditar que a estava tocando dessa forma. Senti um aperto no meu peito.
Tentei pensar alguma coisa para dizer, mas eu estava muito distraído sentindo suas mãos.
―Você diz isso... mas o que mais ela poderia ter feito? Eu sei que você quer ser uma guardiã. Eu sei o quanto significa pra você. Você acha que ela sente algo diferente? Você acha que ela deveria ter desistido para criar você quando você passa metade da sua vida aqui de qualquer forma?‖
―Você está dizendo que eu sou uma hipócrita?‖ Ela obviamente não gostava de ser argumentada.
―Estou apenas dizendo que talvez você não devesse ser tão dura com ela. Ela é uma dhampir muito respeitada. Ela deixou você no caminho para ser o mesmo.‖
―Não mataria ela me visitar mais,‖ ela murmurou. ―Mas talvez você tem razão. Um pouco. Poderia ser pior, eu acho. Eu poderia ter sido criada por uma meretriz de sangue.‖
Eu estremeci por dentro, e olhei para ela: ―Eu fui criado numa comunidade dhampir. Eles não são tão ruins quanto você pensa.‖
―Oh eu não quis dizer isso.‖ Ela ficou sem graça.
―Tudo bem.‖ Olhei de novo para suas mãos.
―Então, você, tipo, tem família lá? Cresceu com eles?‖
Eu confirmei. ―Minha mãe e irmãs. Eu não as vi muito depois que eu fui para escola, mas nós ainda mantemos contato. As comunidades são de família, principalmente. Tem muito amor lá, não importa as histórias que você pode ter ouvido.‖
Ela olhou para baixo, mas consegui ver um brilho em seus olhos. Ela devia estar alucinando que eu tinha tido uma vida feliz ao lado de uma mãe desgraçada enquanto a mãe dela era uma mulher respeitável.
―Sim, mas... não é estranho? Não tem muitos homens Moroi visitando também, você sabe?...‖
―Às vezes.‖ Meu tom foi um pouco agressivo. Isso não era algo que eu queria discutir com ela.
―Eu – Eu sinto muito. Eu não queria trazer a tona algo ruim...‖
Depois de um minuto eu disse: ―Na verdade... você provavelmente não deve achar que é ruim‖. Eu sorri com compaixão para ela. ―Você não conhece o seu pai, conhece?‖
Ela balançou a cabeça. ―Não. Tudo o que eu sei é que ele deve ter um cabelo louco e legal.‖
Eu olhei para cima. ―Sim. Ele deve ter.‖ Olhei novamente para baixo, droga, eu não deveria ter dito isso. ―Eu conheci o meu.‖
Suas mãos apertaram as minhas como se ela tivesse sido surpreendida por isso. ―Verdade? A maioria dos caras Moroi não fica – eu quero dizer, alguns sim, mas você sabe... normalmente eles simplesmente –―
―Bom, ele gostava da minha mãe.‖ Eu disse a interrompendo. ―E ele a visitava muito. Ele é o pai das minhas irmãs também. Mas quando ele vinha... bom, ele não tratava minha mãe muito bem. Ele fazia algumas coisas bem horríveis.‖
―Tipo...‖ ela hesitou. ―Coisas de meretrizes de sangue?‖
―Coisas como como meter a mão nela,‖ eu disse categoricamente.
Terminei o curativo, mas mantive suas mãos entre as minhas. Rose tinha mãos pequenas e quentes.
―Oh meu Deus,‖ ela disse. Dessa vez ela apertou minhas mãos com força e eu apertei as dela também. ―Isso é horrível. E ela... ela simplesmente deixava acontecer?‖
―Ela deixava.‖ Eu dei um sorriso triste. ―Mas eu não.‖
De repente ela deu um enorme sorriso; ―Me diga, me diga que você quebrou a cara dele.‖
Eu sorri de volta. ―Eu quebrei‖.
―Wow. Você bateu no seu pai. Eu quero dizer isso é horrível... o que aconteceu. Mas, wow. Você é realmente bom.‖
Eu pisquei. Eu realmente era o que? ―O que?‖
―Hum, nada.‖ Ela mudou o assunto ―Quantos anos você tinha?‖
Eu ainda tentava raciocinar aquele comentário anterior, o que ela quis dizer? ―13‖.
―Você quebrou a cara do seu pai quando tinha treze anos?‖
―Não foi muito difícil. Eu era mais forte do que ele, quase tão alto quanto. Eu não podia o deixar continuar fazendo aquilo. Ele tinha que aprender que ser da realeza e Moroi não significa que você pode fazer o que quiser com as pessoas – até mesmo meretrizes de sangue.‖
―Eu sinto muito.‖
―Está tudo bem.‖
Ela parecia estar pensando em alguma coisa. ―Foi por isso que você ficou tão chateado sobre o Jesse, não é? Ele era outro da realeza, tentando tirar vantagem de uma garota dhampir.‖
Eu distanciei meus olhos dela. ―Eu fiquei chateado sobre aquilo por várias razões. Afinal de contas, você estava quebrando as regras e...‖
Eu olhei de volta nos olhos dela. Um calor repentino cresceu entre nós.
Os olhar dela estava obscuro. ―Eu sei que você ouviu o que as pessoas estão dizendo, que eu –―
―Eu sei que não é verdade.‖
―É, mas como você-―
―Porque eu conheço você, eu conheço o seu caráter. Eu sei que você vai ser uma guardiã incrível.‖ E ela seria sim, uma das melhores com certeza.
―Eu fico feliz que alguém saiba. Todos os outros acham que eu sou uma irresponsável.‖
―Com o jeito em que você se preocupa mais com a Lissa do que consigo...‖ Balancei minha cabeça. ―Não. Você entende suas responsabilidades melhor que qualquer guardião duas vezes mais velho que você. Você vai fazer o que tiver que fazer pra ter sucesso.‖
―Eu não sei se eu posso fazer tudo que eu preciso.‖
Juntei minhas sobrancelhas olhando para Rose, não entendi aonde ela queria chegar.
―Eu não quero cortar meu cabelo,‖ ela explicou.
Olhei para ela confuso. ―Você não tem que cortar o seu cabelo. Não é requerido.‖
―Todas as outras guardiãs cortaram. Elas mostram suas tatuagens.‖
Eu soltei suas mãos e me inclinei, eu estava pensando no que era certo, e eu jamais deveria ter feito o que acabei fazendo, mas eu também não queria que ela cortasse o cabelo.
Estendi a mão e segurei as mechas de seu cabelo, torcendo em torno do meu dedo. O cabelo dela era tão macio quanto parecia. Liso e cheiroso.
Meus pensamentos bloquearam minha ação, e eu soltei seus cabelos. Eu estava surpreso e sem graça com o que tinha acabado de fazer. Surpreso porque baixei minha guarda e sem graça porque deixei minhas emoções tomarem conta da razão.
―Não corte.‖ Era lindo demais para ser cortado.
―Mas ninguém vai ver minhas tatuagens se eu não cortar.‖
Me movi em direção a porta. Eu precisava sair dali antes que fizesse alguma coisa realmente estúpida, não pude deixar de sorrir para ela. ―Use-o preso.‖
QUATORZE
Com o passar dos dias parecia que Lissa estava voltando a ser como era antes. Sua popularidade crescia gradativamente.
A realeza começava a deixar Rose em paz. Estavam preocupados com outra história com os não reais. Para eles na verdade, Rose não passava de uma piada.
Mas parecia que Rose ignorava tudo aquilo. Ela continuava com a mesma expressão de preocupação que não tinha nada a ver com o fato de ter sido insultada. Eu adoraria saber se era alguma coisa que Lissa escondia por trás de toda essa popularidade repentina. Não que Lissa deixasse de ser popular, ela tinha seu charme, mas eu desconfiava que houvesse alguma coisa além.
Aquele domingo na igreja eu percebi que Rose cochichava com Lissa. Eu queria estar perto o suficiente para ouvir quais eram as preocupações de Rose.
Antes de a missa começar, umas gargalhadas me chamaram atenção. Na frente de Rose e Lissa, tinham dois garotos que gargalhavam dela. Eu apertei meus dentes me sentindo com raiva.
Rose desviou o olhar, mas a face de Lissa tomou uma expressão fria. Ela sussurrou alguma coisa para eles. Imediatamente os garotos começaram a se desculpar com Rose. Ela olhava para Princesa como se desacreditasse que aquilo estava acontecendo. Os garotos não paravam de pedir desculpas. Mas Lissa não havia terminado. Ela fitou os dois e disse algo novamente. Eles olharam para a princesa com medo e se mantiveram submissos.
Rose deve ter dito que aceitava as desculpas, porque eles se viraram para frente. Lisa ainda estava com um olhar de desaprovação.
O padre começou a missa, mas eu não estava prestando atenção.
Como Lissa fez aquilo? Se eu não soubesse melhor, eu até diria que ela estava usando compulsão. Mas ninguém podia usar compulsão em Moroi. Talvez os dois garotos estivessem realmente com medo de Lissa, ela fazia parte de uma das famílias reais mais populares.
Eu desviei minhas atenções para Rose. Ela estava um pouco entediada. Mas após o padre dizer alguma coisa, ela ficou mais atenta. Deveria ter sido algo que chamou bastante sua atenção.
Ela parecia estar rígida na cadeira, olhou para Lissa, mas não disse nada. É como se ela tivesse percebido que havia algo de importante ali.
Mas ela não teria chance de conversar sobre isso com Lissa, ela seria escoltada até seu quarto assim que a missa acabasse.
Depois que a missa acabou e todos deixaram a igreja, eu permaneci sentado. Ali eu encontrava um pouco de paz, era um local onde eu conseguia pensar e colocar minhas idéias no lugar.
―Alguma coisa te chateando Guardião Belikov?‘ Uma voz me perguntou
Eu me virei para ver quem era. O padre me olhava serenamente. ―Não, na verdade não, padre‖ Eu menti. Na verdade, muitas coisas me chateavam, esse carinho que eu vinha sentido por Rose, esses problemas acontecendo com Lissa, sem falar nessas fofocas desagradáveis.
Ele assentiu. ―Se você quiser conversar estou aqui para ouvi-lo.‖ Ele andou para frente da igreja, e entrou em uma sala na parte de trás do púlpito.
Eu suspirei e me levantei.
Saí da igreja e segui em direção ao ginásio. Pensei que trabalhar um pouco iria me ajudar.
Meia hora depois, a porta do ginásio se abriu. Era Alberta. Porque aquela mulher tinha o terrível hábito de me incomodar quando eu não queria falar com ninguém?
―Belikov você pode pegar um turno extra à noite?‖
Eu concordei. ―Sim que horas?‖
―Três horas. É melhor você dormir um pouco para estar disposto.‖ Ela disse.
Concordei novamente.
―Belikov tem alguma coisa que está te chateando?‖
―Não.‖ Porque todos estavam me perguntando isso, será que estava tão claro assim? Se estivesse então era melhor começar esconder mais meus sentimentos. Minha expressão facial deveria estar falando por mim.
Ela me estudou um pouco e disse: ―Talvez você precise de férias.‖
―Não, não preciso, e não quero tirar férias. Me sinto muito feliz enquanto estou trabalhando.‖ Eu disse.
Ela suspirou e percebeu que eu queria ficar sozinho. Foi até a porta e saiu do ginásio.
Eu parei de bater em um dos manequins de treino e me sentei no tatame.
Como a minha vida virou essa bagunça? Eu costumava ter certeza do que queria ou não fazer. Eu nunca tinha tido muitas dúvidas. Eu queria ser um guardião.
Mas uma pessoa estava mudando minha mente completamente.
QUINZE
O dia seguinte foi bem normal, perto dos outros dias que passei desde que conheci Rose. Até algum espertinho colocar fogo em uma lata de lixo no banheiro dos dormitórios. O pessoal estava ocupado tentando cuidar da bagunça antes que o fogo atingisse algum quarto e se tornasse algo realmente drástico. A diretora Kirova estava furiosa.
―Essas crianças nessa escola, não respeitam nada. Quem foi a última pessoa que entrou aqui‖ Eu ainda estava surpreso com o seu tom de voz. Ela estava gritando bastante.
―Ninguém viu nada Diretora.‖ Eu disse calmamente.
Ela fungou. ―Claro que não,‖ fez uma pausa. ―Como Rose tem agido atualmente?‖
Eu estava ligeiramente confuso. ―Ela está indo bem.‖
―Você acha que ela pode ter feito isso, ou alguma coisa parecida?‖
Nesse instante fiquei um pouco irritado, pela minha voz era perceptível. ―Não. Nem tudo que acontece de errado aqui nessa escola é culpa de Rose, diretora‖.
Ela franziu a testa. ―Acho que não. Muito bem, está dispensado guardião Belikov‘
Acenei e deixei o local.
Porque todos sempre queriam culpar a Rose quando acontecia algo errado? Ela jamais faria isso… faria?
Eu suprimi um gemido. Tudo que ela fizesse seria refletido em mim.
Eu esperava sinceramente que ela não estivesse envolvida com isso.
DEZESSEIS
No dia seguinte eu estava no ginásio esperando Rose para o treinamento. Olhei no relógio algumas vezes. Ela estava 15 minutos atrasada.
Eu a amaldiçoei em Russo. Será que ela ainda não entendeu o significado da palavra responsabilidade?
Eu suspirei. O que mais eu poderia esperar dessa garota? Me perguntei pela centésima vez. Ela era selvagem, ainda era irresponsável e completamente... linda.
Definitivamente, ela era meu oposto.
As portas do ginásio se abriram e ela veio correndo, quase sem ar. Parecia estar mais alegre do que nas últimas semanas. Alguma coisa aconteceu para deixá-la assim.
Independente do que fosse. Simplesmente não me sentia bravo com ela como eu estava minutos atrás. Era bom vê-la feliz.
Droga.
***
Eu estava andando pelo campus quando Lissa veio correndo até mim.
―Guardião Belikov.‖ Ela me cumprimentou, e começou andar ao meu lado.
―Princesa‖.
―Posso te pedir um favor?‖ Ela me perguntou.
―Claro.‖ Eu parei de andar para que ela pudesse falar.
―O pai de Natalie está nos levando para fazer compras fora do Campus e eu estava pensando se você poderia falar com a diretora Kirova para ela deixar que eu leve Rose conosco.‖
―Ela não vai deixar Rose ir. Ela está cumprindo uma prisão domiciliar.‖
―Eu sei, mas não há nada que você possa fazer? Fale com ela? Por favor‖. Ela me deu um olhar de súplica.
Eu olhei para ela. ―Vou ver o que posso fazer.‖
Ela me sorriu aliviada e me deu um abraço apertado. ―Muito obrigada Guardião Belikov.‖ Ela disse enquanto corria para o dormitório dos Moroi.
Eu suspirei. O que eu poderia fazer?
Fui até o escritório de Kirova. Ela estava checando uma papelada.
―Guardião Belikov.‖ Ela disse. ―No que posso ajudá-lo?‖
―Eu gostaria de conversar sobre Rose.‖
Ela assentiu.
―Bem, Victor Dashkov está levando sua filha e Vasilisa para fazer compras em um shopping em Missoula. Gostaria de saber se Rose poderia acompanhar as garotas na viagem.‖
―Eu acredito que isso está fora de questão‖. Diretora Kirova disse.
Uma idéia surgiu na minha mente. ―Mas e se eu usar essa viagem como uma forma de treinamento?‖
―Como assim?‖ Ela perguntou curiosa.
―Bem, já que Rose será a guardiã de Vasilisa depois da graduação, ela poderia estar junto, fazendo a guarda da princesa.‖
―Como Rose se comportou nas últimas semanas?‖
―Muito bem, ela já está superando seus colegas.‖ Eu respondi.
―Deixe me pensar por uns dias. Eu vou decidir se ela pode ou não acompanhá-los.‖ A diretora me respondeu.
Quando me virei para sair, ela disse.
―Esteja ciente Guardião Belikov que se ela aprontar alguma, a culpa será toda sua. Tenha um bom dia.‖
Eu sai. Porque diabos ela sempre queria colocar a culpa em mim? O que eu tinha a ver com as ações de Rose? Eu era apenas o mentor, e não o pai dela.
Eu me encolhi. Está certo. Eu era o mentor de Rose. Era bom que eu me lembrasse disso.
Fui até o dormitório dos Morois para conversar com Lissa. Disse que tinha feito meu melhor, mas não dei muitas esperanças.
Ela concordou e agradeceu.
Quando estava voltando para o meu quarto. Stan Alto veio falar comigo.
―Belikov, você sabe que terá que ir ao shopping conosco certo?‖
Eu rangi meus dentes. Particularmente eu não gostava de Stan Alto. Passei a não gostar desde o dia que ele humilhou Rose em sala de aula.
―Estou ciente disso, eu sou o guardião de Lissa.‖ Minha voz soou perfeitamente normal. Não demonstrei a raiva que eu estava sentindo daquele cara.
―É eu imaginei que você já sabia. Lissa te falou quem mais vai?‖ Ele perguntou.
―Mencionou algumas pessoas.‖
―Verdade? Ah que bom! Aqui está a lista.‖
Ele me mostrou uma lista com outros guardiões que também estariam na viagem.
Para mim já era o bastante, não estava muito interessado em saber dos outros, eu apenas me preocupava com a minha função, agradeci a informação e me desculpei dizendo que precisava ir.
Andei até o outro lado do campus, me esquecendo que hoje não estaria de guarda. Encontrei outro guardião e perguntei que horas eram.
Ele me informou e saiu com pressa.
Pelo resto da noite fiquei andando ao redor da Academia, pensando sobre uma garota que eu não poderia ter.
Porque não poderia ser outra guardiã, ou alguma Moroi? Porque tinha que ser justo uma estudante?
Perto das 9 da manhã, Alberta me encontrou.
―Belikov, você não estava de folga essa noite?‖ Ela perguntou.
―Eu não consegui dormir, então negociei uma troca de turno com outro guardião.‖ Respondi.
Ela me estudou. ―Você não está cansado por ficar dobrando turnos? Eu sei o que aconteceu com Ivan, mas você não acha que está indo longe demais?‖
Eu dei de ombros e sai.
No meu quarto, me deitei um pouco, mas não consegui dormir.
Fiquei na cama pensando em Rose... Roza, minha Roza.
Faltava pouco para que eu pudesse vê-la novamente.
DEZESSETE
Uns dias depois a diretora Kirova decidiu que Rose poderia acompanhar o grupo ao shopping, mas apenas se isso fosse visto como um treinamento extra.
Quando eu a vi novamente eu sorri. Ela estava com o cabelo preso, assim como eu tinha sugerido uma vez.
Enquanto andávamos em direção à van, eu disse a ela.
―A diretora Kirova acha que você tem se saído bem desde que voltou.‖
―Fora o fato de ter começado uma briga na aula do Sr. Nagy?‖
―Ela não culpa você por isso. Não inteiramente. Eu a convenci de que você precisa de um tempo... e que você poderia usar o dia de hoje como um exercício de treinamento.‖
―Exercício de treinamento?‖
Eu dei a ela uma breve explicação enquanto caminhávamos para encontrar o príncipe Victor Dashkov e os outros guardiões.
Eram 2 horas de viagem até o shopping em Missoula.
―Camille e Natalie não tem guardiões pessoais ainda.‖ Eu disse para Rose. ―Ambas estão sob proteção dos guardiões de sua família. Já que elas são estudantes da academia saindo do campus, um guardião da escola tem que acompanhá-las – Stan. Eu vou porque eu sou o guardião responsável por Lissa. A maioria das garotas da idade dela não teria um guardião responsável ainda, mas as circunstancias a faz especial.‖
Rose sentou no fundo da van comigo e com um guardião de Viktor, Spiridon.
Ela se virou para mim. ―Ela supostamente deveria ter dois guardiões. Príncipes e princesas sempre têm.‖
Spiridon respondeu: ―Não se preocupe, ela terá vários quando à hora chegar. Dimitri já é um deles. As chances são de que você será a outra. E é por isso que você está aqui hoje.‖
―A parte do treinamento.‖ Ela respondeu
―Sim. Você será a parceira do Dimitri.‖
Um silêncio constrangedor pairou sobre local. Provavelmente ninguém além de eu e Rose se sentiu constrangido com aquelas palavras de Spiridon. Nossos olhos se encontraram.
Eu disse algo desnecessário. ―Parceira guardiã.‖
"Sim.‖ Concordou Spiridon.
Era óbvio a situação embaraçosa entre eu e Rose. Mas ele continuou explicando coisas de guardiões. Como os Moroi tinham os guardiões de perto e guardiões de longe.
―Você provavelmente sempre será a guardiã de perto.‖ Eu disse para Rose. ―Você é mulher e da mesma idade que a princesa. Você pode ficar perto dela sem chamar muita atenção.‖
―E eu não posso nunca tirar meus olhos dela. Ou você.‖ ela disse.
Spiridon riu e levantou suas sobrancelhas em minha direção. ―Você tem uma estudante brilhante aqui. Você deu a ela uma estaca?‖
―Não. Ela não está pronta.‖
―Eu estaria se alguém me mostrasse como usar uma.‖ Ela discutiu.
―Tem mais do que simplesmente usar uma estaca. Você ainda tem que estudá-las. E você tem que ser capaz de matá-los.‖
―Porque eu não seria capaz?‖ ela perguntou.
―A maioria dos Strigoi costumavam ser Moroi que se transformaram de propósito. As vezes eles são Moroi ou dhampirs que foram forçados a mudar. Não importa. Tem uma probabilidade bem alta de que você conheça algum deles. Você poderia matar alguém que você costumava conhecer?‖
―Eu acho que sim. Eu teria que fazer isso, certo? Se for eles ou a Lissa...‖
―Ainda sim você pode hesitar‖ eu disse. ―E essa hesitação poderia matar você. E ela.‖
―Então como você se certifica de que não vai hesitar?‖
―Você tem que ficar repetindo a si mesmo que aquelas não são mais as pessoas que você costumava conhecer. Eles se transformaram em algo negro e distorcido. Algo que não é natural. Você tem que abandonar o que te ligava a eles e fazer o que é certo. Se eles tiverem qualquer vestígio deles mesmos, eles provavelmente ficaram agradecidos.‖
―Agradecidos por eu matá-los?‖ Ela perguntou incrédula.
―Se alguém te transformasse numa Strigoi, o que você gostaria?‖ Eu perguntei.
Ela não respondeu, mas manteve seus olhos grudados em mim.
―O que você iria querer se você soubesse que eles iriam te converter em um Strigoi contra a sua vontade? Se você soubesse que iria perder todo o senso de moral e entendimento do que é certo e errado? Se você soubesse que iria viver o resto da sua vida – sua vida imortal – matando pessoas inocentes? O que você iria querer?‖
A van continuava em silêncio e eu continuava fixado em Rose.
Eu nunca tinha conhecido alguém que entendia as conseqüências de viver e morrer como Rose entendia. Ela era a guardiã mais séria que eu já treinei. Eu sabia. Ela entendia que nossas vidas estavam em perigo constante, e que nem sempre poderíamos viver a vida que escolhêssemos, mas mesmo assim nós cumpríamos com nosso dever. Ela sabia como eu sabia que nossas vidas jamais seriam fáceis.
―Se eu me transformasse numa Strigoi... eu iria querer que alguém me matasse.‖ A expressão dos olhos dela, me dizia que ela teve a mesma sensação que eu.
―Eu também.‖ Eu disse em um tom de voz mais baixo.
―Me lembrou de Mikhail caçando Sonya.‖ Victor disse pensativo.
Eu não prestei muita atenção do que ele disse para Lissa e os outros sobre o que tinha acontecido com Sonya Karp. Eu sabia que ela tinha se tornado Strigoi por escolha. Esse Mikhail Tanner era amante dela, e teve que acabar assassinando Karp quando ela se tornou Strigoi.
Quando a história se tornou depressiva demais para um passeio Victor disse: ―Talvez esteja na hora de falar sobre outra coisa, Hoje não é um dia de ficar arrastando tópicos deprimentes.‖
Todos, eu acho, estavam aliviados de chegar ao shopping. Apesar de estarmos na metade de novembro, o shopping já estava decorado para o natal.
Rose me pareceu tão feliz, mas eu poderia dizer que ela estava louca para ter um rádio como o meu e dos outros guardiões. Eu disse que ela aprenderia melhor como nos velhos tempos, se ela conseguisse proteger Lissa do jeito antigo então ela conseguiria protegê-la de qualquer maneira.
Victor e Spiridon ficaram com as meninas, enquanto eu e os outros guardiões permanecemos afastados tomando cuidado para não parecer um bando de pedófilos ou seqüestradores de garotinhas.
Eu observei Lissa segurando uma blusa curta e sem mangas na Macy. A expressão de Rose se tornou um pouco ansiosa, como se quisesse sair experimentando. Ela encontrou meus olhos observando-as, chacoalhou a cabeça e voltou sua atenção para Lissa. A princesa pareceu surpresa, mas deu de ombros e colocou a blusa de volta na arara de roupas.
Lissa e Camille, a outra garota que veio conosco, não paravam de experimentar roupas. Rose em nenhum momento provou alguma das peças. Entretanto Lissa a fez adquirir três blusas de lã, uma delas com capuz. Lissa parecia desapontada.
Ela e Rose estavam cochichando próximo ao provador. Eu não conseguia ouvir o que elas falavam, mas parecia ser algo tenso.
Lissa fez uma careta e puxou um vestido da prateleira, mostrando para Rose.
Era preto e sem alças. Eu não conseguia imaginar como Rose ficaria nele. Na verdade esse tipo de vestido era proibido dentro da Academia St Vladimir.
A expressão de Rose dizia que ela queria muito aquela roupa, porém sacudiu a cabeça em negativa e empurrou o vestido para longe.
Lissa acabou comprando o vestido, mesmo sem Rose prová-lo.
A tarde continuou, mas eu estava muito concentrado em outra coisa. Pensava em Rose usando aquele vestido.
As meninas quiseram visitar uma joalheria. Do outro lado da loja de jóias tinha um stand de maquiagens e essas coisas de mulher. Eu me lembrei que Rose vivia reclamando que seu gloss estava acabando. Ela e Lissa não tinham parado para comprar maquiagem, e eu tinha certeza que Rose ainda não tinha comprado um gloss novo também.
Quando elas entraram na loja de jóias eu voltei e comprei um gloss para Rose. Eu sabia que ela ficaria feliz com isso.
Quando estávamos na estrada de volta, Rose escorregou um pouco no banco e deu um bocejo. Nossos braços estavam se tocando, e a imagem dela usando aquele vestido ainda não tinha saído da minha mente.
―Então, eu posso algum dia experimentar roupas de novo?‖ Ela perguntou baixinho sem querer acordar as outras garotas.
―Quando você está em serviço, você não pode. Você pode fazer quando estiver de folga.‖
―Eu nunca vou querer folga. Eu quero sempre cuidar de Lissa.‖ Ela bocejou novamente. Sempre concentrada em Lissa. ―Você viu aquele vestido?‖
―Eu vi o vestido.‖ E como vi aquele vestido, não parava de imaginar Roza vestida naquilo.
―Você gostou?‖ ela perguntou.
Oh meu Deus, se eu respondesse essa pergunta na frente do príncipe Victor e dos outros guardiões eu estaria me sujeitando a brincar de roleta russa. Preferi não responder.
―Eu vou por em perigo minha reputação se eu o usar no baile?‖ ela perguntou.
Eu respondi sussurrando o mais baixo que pude. ―Você vai por em perigo a escola.‖ E vai me deixar completamente louco, acrescentei mentalmente.
Ela sorriu e pegou no sono.
Sua cabeça caiu, e se recostou no meu ombro. Eu a ajeitei de forma confortável. Minha respiração estava ofegante, presa na garganta. Ela era tão... perfeita. Eu queria estar com ela em um lugar mais privado. Queria passar meus dedos por aquele cabelo castanho e sedoso. Beijar seus lábios. Sentir aquele corpo torneado em minhas mãos, acariciar sua pele macia. Ela era linda, inteligente, e parecia que me entendia como nenhuma outra mulher tivesse sido capaz de entender até hoje.
Tirei meu casaco para cobri-la. Ela não acordou, mas sorriu durante o cochilo.
Ela acordou quando a van parou. Eu sai e ela veio atrás de mim, segurando meu casaco. Ela me devolveu e foi para o lado de Lissa.
―De volta a prisão.‖ Ela suspirou. Ela andou ao lado de Lissa até a área comum. ―Talvez se você fingir um ataque cardíaco, eu posso dar uma escapada.‖
―Sem as suas roupas?‖ Ela entregou para Rose uma sacola, balançando em êxtase. ―Eu mal posso esperar pra ver o vestido.‖
Nem eu. Eu pensei…
―Eu também não. Se eles me deixarem ir. Kirova ainda está decidindo se eu fui boa o suficiente.‖ Rose disse. Ela e Lissa deviam ter bastante coisa para conversar, então deixei elas andarem na frente.
Rose estava tão feliz que pulava de um banco ao outro, enquanto Lissa andava no chão ao seu lado. As duas riam, e Rose estava com um sorriso especial. Pelo menos me parecia especial. Eu já chegava à conclusão que para mim, essa garota já era mais que especial. Eu estava completamente rendido aos meus sentimentos.
Ela era tão linda, aquele cabelo castanho, aquele corpo de me fazer perder os sentidos, e os olhos que pareciam ler minha mente. Ela era a adolescente mais linda que eu já tinha visto.
Ela pulou do segundo para o terceiro banco.
―Hey.‖ Chamou Spiridon. ―Você ainda está em serviço. Diversão não é permitida aqui.‖
―Não tem diversão aqui,‖ Ela gritou para ele em resposta. ―Eu juro – merda.‖
Ela já estava quase descendo do terceiro banco, quando pulou. A madeira cedeu e seu pé se afundou ali, pegando todo seu tornozelo. Ela desequilibrou para frente, seu corpo foi para o chão, mas seu pé estava preso no banco. Escutei um ruído como se fosse de osso quebrando.
Parecia que eu estava vendo tudo em câmera lenta. A única coisa que eu pensei foi: ―Meu Deus eu preciso ajudá-la.‖
Ela gritou de dor, e eu corri para pegá-la.
Os outros foram atrás mim. Eu me abaixei ao lado de Rose. Lissa estava perto de nós com um olhar de medo e ansiedade. Ela tentou puxar a perna de Rose, mas estava presa no banco. Ela desistiu, e deixou nós cuidarmos disso.
Os outros guardiões quebraram o resto do banco, liberando o pé de Rose enquanto eu a segurava em meus braços. Ela ainda gemia de
dor, mas não estava mais gritando como antes. Ela me pareceu fora de si.
Lissa estava ao meu lado andando apreensiva e pedindo para levarmos Rose a enfermaria. Ela correu para encontrar o médico. Eu esperei, com Rose no meu colo.
―Oh não, isso vai fazer com que eu tenha que parar minhas aulas práticas.‖ Ela gemeu. Parecia continuar inconsciente. ―Eu não posso falhar agora, por favor, nós temos que praticar, por favor... Dimitri, não me deixe sozinha, ainda dói, não me deixe.‖
―Shiiu‖ eu disse a ela. ―Está tudo bem, você vai ficar bem Roza‖
Lissa apareceu com o medico, agora só nos restava esperar.
Maryah
Maryah
Administradora
Administradora

Mensagens : 163
Data de inscrição : 05/01/2010
Idade : 33
Localização : Florianópolis-SC

https://anjos-caidos.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏ Empty Re: Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

Mensagem por Maryah Sáb Abr 10, 2010 11:16 am

DEZOITO
Quando ela finalmente abriu os olhos, eu senti um alivio invadir meu corpo.
―Rose‖ eu disse.
Ela virou sua cabeça encontrando meus olhos. Eu estava sentado na cadeira ao lado de sua cama. Esperando. Eu não tinha deixado ela sozinha, como ela tinha me pedido inconscientemente.
―Hey,‖ ela disse com a voz um pouco rouca.
―Como você se sente?‖
―Estranha. Meio groge.‖
―A Dra. Olendzki deu para você algo para dor – você parecia bem mal quando nós te trouxemos aqui.‖
―Eu não me lembro disso... quanto tempo eu estive inconsciente?‖
―Algumas horas.‖ Para mim, algumas longas horas. Eu estava apreensivo para ouvir aquela voz novamente, e até mesmo voltar a ser alvo de suas piadinhas.
―Deve ter sido forte. Ainda deve ser forte.‖ Ela moveu o pé ligeiramente. ―Não dói nada.‖
Eu balancei minha cabeça. ―Não. Porque você não ficou muito machucada.‖
Ela me fitou com uma expressão estranha. ―Você tem certeza? Eu lembro... o jeito que eu caí. Não. Algo deve ter quebrado.‖ Ela se sentou para olhar o tornozelo. ―Ou pelo menos torcido.‖
Eu me movi para impedi-la de ficar abusando. Eu queria que ela ficasse completamente boa, não agüentaria vê-la naquele estado
novamente. ―Tome cuidado. Seu tornozelo pode estar bom, mas você provavelmente ainda está um pouco fora de si.‖
Ela estudou o tornozelo novamente. ―Deus, eu tive sorte. Se eu tivesse me machucado, isso me tiraria do treino por um tempo.‖
Eu dei um sorriso me sentando novamente. Eu ainda podia senti-la em meus braços. ―Eu sei. Você ficou me dizendo isso enquanto eu te carregava. Você estava bem chateada.‖ Eu omiti o fato dela ter me pedido para não deixá-la sozinha.
―Você... me carregou até aqui?‖
Será que isso a deixou feliz? Ou triste? Eu a estudei por um segundo. Ela parecia um pouco excitada. Rose deveria pensar em mim de uma forma diferente, ou então não teria me pedido para não deixá-la sozinha quando estava inconsciente. Eu dei um tapa nos meus próprios pensamentos. Deus eu precisava parar de pensar nessas coisas. Talvez, ela só estivesse um pouco dopada ainda.
―Depois que nós quebramos o banco e soltamos o seu pé.‖ Respondi.
Ela gemeu: ―Eu fui derrubada por um banco.‖
―O que?‖ Eu perguntei surpreso. Estava pensando ainda em quando eu a carreguei em meus braços. Pensando no seu corpo quente e sua voz suplicante de dor.
―Eu sobrevivi o dia todo com o negócio de ser guardiã da Lissa, e vocês disseram que eu fiz um bom trabalho. Então eu voltei pra cá, e conheci a minha queda em um banco. Você sabe o quão embaraçoso isso é? E todos aquelas caras viram, também.‖
Eu segurei o riso. ―Não foi sua culpa. Ninguém sabia que o banco estava podre. Parecia ótimo.‖
―Ainda sim. Eu deveria ter ficado na calçada como uma pessoa normal. Os outros novatos vão gozar com a minha cara quando eu voltar.‖
Eu queria sorrir novamente. ‖Talvez presentes te animem.‖
Ela sentou direito na cama: ―Presentes?‖
Não consegui mais segurar meu sorriso. Ela estava feliz, e isso me fazia feliz. Eu peguei uma caixa deixada pelo Príncipe Victor.
Ela parecia surpresa por ler um bilhete que ele tinha escrito
―Isso foi gentil dele!‖ Ela disse abrindo a caixa. Quando fitou o presente exclamou surpresa: ―Whoa. Muito gentil.‖
Era um colar. Tinha um pingente de diamante rosa na ponta. ―Isso é bem extremo pra um presente de ‗fique bem logo‘‖.
―Na verdade ele comprou em homenagem a você ter ido tão bem no seu primeiro dia como uma guardiã oficial. Ele viu você e Lissa olhando isso.‖
―Wow. Eu não acho que eu fiz um trabalho tão bom.‖
―Eu acho.‖ Respondi.
Ela sorriu e guardou o colar. ―Você disse presentes, certo? Tipo, mais de um?‖
Eu dei uma gargalhada. Eu adorava esse jeito espontâneo e esperto que só Rose tinha. Entregando uma sacola pequena eu disse: ―Isso é meu pra você.‖
Ela abriu o papel que embrulhava o gloss. Seus olhos brilhavam surpresos, ela estava surpresa por eu ouvir o que ela tinha me falado durante as corridas.
Apesar de às vezes eu fingir que não estava prestando atenção eu sempre a ouvia. Cada palavra.
―Como você conseguiu comprar isso? Eu vi você o tempo todo no shopping.‖
―Segredos de guardião.‖
―Pra que foi isso? Pelo meu primeiro dia?‖
―Não, eu só pensei que te deixaria feliz.‖
Me pegando fora de guarda, ela inclinou-se e me abraçou. ―Obrigada.‖
Um momento depois, me recuperando da surpresa, eu a abracei também, carinhosamente.
―Estou feliz que você esteja bem.‖ Fechei meus olhos e inalei o perfume do seu cabelo. ―Quando eu vi você cair...‖
―Você pensou, ‗Wow, ela é uma perdedora.‘‖
―Não foi isso que eu pensei.‖
Soltei o abraço e olhei fundo nos seus olhos. Aqueles olhos castanhos eram lindos, e profundos, onde eu facilmente poderia me afogar. Devagar eu passei meus dedos por suas bochechas, acariciando seu rosto. Ela se arrepiou com o meu toque. Enrolei uma mecha de seu cabelo nos meus dedos, era tão macio.
Eu pensei em ficar mais próximo dela, para sentir aqueles doces lábios nos meus. Eu queria muito beijá-la. Uma batida na porta me desconcentrou e tivemos que nos afastar um do outro.
Dra. Olendzki começou a conversar com Roza, mas eu nem consegui prestar atenção. Minha mente estava presa no que poderia ter acabado de acontecer.
Quando ela deu alta para Rose, eu peguei seu casaco e sapatos que estavam em uma cadeira próxima. Ela me olhou envergonhada.
Eu a observei colocando os sapatos. ―Você tem um anjo da guarda.‖
―Eu não acredito em anjos. Eu acredito no que eu posso fazer por mim mesma.‖
―Bom, então você tem um corpo incrível.‖ Droga, a frase saiu toda errada, apesar de ser verdadeira. Ela me fitou, e eu tentei consertar. ―Para se curar, eu quero dizer. Eu ouvi sobre o acidente...‖
―Todos falaram que eu não deveria ter sobrevivido. Por causa do lugar onde eu estava sentada e a forma como o carro bateu na árvore. Lissa era realmente a única que estava sentada num lugar seguro. Ela e eu saímos ilesas com apenas alguns arranhões.‖
―E você não acredita em anjos ou milagres.‖
―Não. Eu –―
Ela parou de falar e seu olhar ficou confuso.
―Qual o problema?‖
―Onde está Lissa? Ela está aqui?‖
―Eu não sei onde ela está. Ela não saia do seu lado quando eu te trouxe aqui. Ela ficou bem perto da cama, até o doutor chegar. Você se acalmou quando ela sentou perto de você.‖
Ela fechou os olhos
―Rose?‖ Sem resposta. ―Rose? Roza?‖
Eu fui atrás de um médico. Roza não poderia ser liberada desse jeito, ela parecia inconsciente ainda.
―O que tem de errado com ela?‖ Eu perguntei, tentando manter uma tonalidade de voz o mais calma possível. E se ela estivesse entrando em um coma, ou qualquer coisa terrível? Oh não.
―Eu não sei, continue chamando-a pelo nome, e sacudindo um pouco.‖
Um tempo depois ela finalmente voltou a si, e me olhou assustada.
―Eu sei onde Lissa esta. Nós temos que ajudá-la‖
DEZENOVE
Eu não questionei Rose quando ela disse que Lissa precisava de ajuda. Fui até Alberta e nós seguimos para o sótão da capela, onde Roza disse que ela estava.
Lissa estava deitada no chão, inconsciente, cercada por uma poça de sangue. Rapidamente, a peguei no colo e a levei para a enfermaria. Eu estava ficando prático em carregar adolescentes inconscientes para lá.
Mas era terrível. O que tinha acontecido com ela afinal?
Quando chegamos tinha um alimentador a mão para Lissa. O que tínhamos que fazer era acordá-la. O que não foi nada fácil.
Ninguém quis Rose perto dela, mas eventualmente ela estava liberada para visitar a amiga.
Ela entrou na enfermaria e eu sai, pois iria começar o meu turno para fazer a ronda na Academia.
Essa semana estava sendo bem complexa, ainda teríamos um baile na academia. Eu mal podia me concentrar no meu trabalho porque ficava me lembrando de Rose dormindo no meu ombro na volta do shopping e nela vestida naquele atraente vestido preto. Ela ficaria realmente muito sensual.
Tentando esquecer essa visão criada pela minha imaginação, peguei trabalho extra, e liberei os outros guardiões para arranjarem parceiras de dança.
Na noite do Baile, eu estava andando com Alberta para o dormitório.
―Eu não sei Belikov. Talvez devêssemos diminuir o número de patrulhas. Com tantos wards não é necessário.‖ Alberta dizia.
―Mas ainda assim devemos ser cuidadosos. Eu não me importo de patrulhar mais vezes durante a semana, se você quiser aliviar outros guardiões.‖ Me ofereci.
Ela me estudou: ―Belikov, você trabalha demais. Porque não tira férias?‖
Eu ia responder quando vi Ashford correndo… com Rose.
Alberta sorriu para eles. ―Sr. Ashford, Srta. Hathaway. Estou surpresa que vocês já não estejam no salão.‖
Mason começou a responder para ela, mas eu não prestei atenção.
Rose era a garota mais linda do mundo, só podia ser ela. O vestido preto estava perfeito, bem delineado em seu corpo. Mostrava bastante de suas pernas. Fiquei surpreso que Alberta não chamou sua atenção sobre o código de vestimenta apropriado da Academia.
Eu não conseguia parar de admirá-la, ela estava linda, era notório.
Ela tinha umas curvas, bem diferentes de todas as garotas Moroi. Ela usava o colar que príncipe Victor havia lhe presenteado, e seu cabelo estava solto, caído sobre os ombros. Realmente linda. Eu desejei muito levar ela daqui, ir para um local onde ficássemos sozinhos. Apenas eu e ela. Queria correr minhas mãos por todo aquele corpo, pegar ela pelo cabelo, e beijá-la inteiramente. Ao meu ver, ela não parecia uma adolescente, estava mais para uma mulher. E que mulher. Notei que ela estava usando o gloss que eu tinha dado também.
E não só isso. Notei que ela estava de mãos dadas com Ashford. O ciúme subiu em mim. Ela rapidamente se afastou dele.
Quando Ashford e Alberta acabaram de conversar, Rose e ele continuaram por um caminho diferente do nosso.
Eu dei um boa noite apressado para Alberta e segui para o meu quarto, esbati a porta.
Oh meu Deus. Por quê? Porque tinha que ser Rose Hathaway?
Aquele vestido preto, aquele olhar de Rose queimava em minha cabeça. Toda vez que eu fechava meus olhos, era a imagem dela que eu via.
Com aquele vestido absolutamente sexy, aquele corpo de mulher e aqueles cabelos, eu poderia dizer que já estava enlouquecendo. Era tortura demais não poder beijá-la.
Resolvi tomar um banho bem gelado e cair na cama. Mas eu não consegui dormir, eu só pensava em Rose aqui comigo, desejando aquela boca, e cada parte do seu corpo.
Umas horas mais tarde, alguém bateu na porta do meu dormitório, quando eu abri, vi que era Rose, meus olhos se arregalaram surpresos.
VINTE
―Rose?‖
―Me deixe entrar. É a Lissa.‖
Dei um passo para o lado deixando-a entrar. Ela examinou meu quarto. Quando me fitou estava com um olhar engraçado.
Eu me lembrei que estava apenas usando as calças do meu pijama.
―Qual o problema?‖ Eu perguntei tentando fazer ela se focar no que veio me dizer e não em como eu estava vestido.
Ela não respondeu. Ela se aproximou, deixando uma distância realmente pequena entre nós.
―Rose‖ eu exclamei dando um passo para tras. ―O que esta acontecendo?‖
―O que você acha?‖
Eu não sabia o que pensar. ―Você está bêbada?‖ eu perguntei, posicionando minhas mãos para mantê-la longe. Não que isso fosse um desejo.
―Bem que eu queria.‖ Ela disse. Ela tentou se aproximar novamente, e então pausou. ―Eu pensei que você queria- você não acha que eu sou bonita?‖
Onde diabos ela queria chegar com isso? Eu a achava muito mais do que bonita, e nesse vestido então, minha mente pensava diversas coisas sobre o que eu achava dela. Mas eu precisava me focar. Eu não poderia, apesar dela ser muito sensual, eu era seu mentor, ela era uma aluna, minha aluna, a mais linda e quente de todas. ―Rose, eu não sei o que está acontecendo, mas você precisa voltar para o seu quarto.‖
Ela se moveu em minha direção novamente. Eu a segurei para mantê-la afastada. No momento que toquei a pele dela foi como se um impulso elétrico passasse entre nós.
Porque eu estava tentando fazer com que ela se afastasse? É claro que ela tinha que ficar aqui comigo. Era a coisa que eu mais queria no mundo, eu vinha desejando isso há tempos, porque não agora.
Larguei seus pulsos e movi minhas mãos pelos seus braços, devagar sentindo sua pele. Ela era quente, sensual.
Nossos olhares estavam travados um no outro, eu a puxei para perto de mim, pressionando meu corpo contra o dela.
Uma das minhas mãos se moveu para sua nuca, pegando seus cabelos por baixo, inclinando sua cabeça para trás. Eu mal podia acreditar que isso estava acontecendo. Eu queria tanto essa garota. Durante muito tempo eu há desejei intensamente. E aqui estava ela. Sozinha. Eu, ela e ninguém mais. Só nós dois para fazermos tudo que a força dos nossos corpos mandasse fazer.
Toquei meus lábios no dela levemente.
―Você acha que eu sou bonita?‖ Ela sussurrou.
Eu olhei seriamente para ela. ―Eu acho que você é linda.‖
―Linda?‖
―Você é tão linda, que as vezes chega a me doer.‖
Meus lábios se moveram com os dela gentilmente no início, mas logo o nosso beijo começou a ficar intenso, voraz.
Eu não conseguia parar. Tinha uma razão para ela estar aqui. Ela veio ao meu quarto por alguma razão importante. Mas eu não me lembrava. Na verdade, eu nem queria me lembrar.
Minhas mãos que estavam em seus braços desceram até seu quadril, escorregando até encontrar a ponta do vestido para levantá-lo. Senti suas pernas. Um toque mais intenso e eu ficava mais arrepiado. Continuei deslizando minhas mãos para cima do seu corpo, por baixo do vestido, até tirá-lo completamente e jogá-lo no chão. Ela era linda, eu já não sabia mais o que estava fazendo, mas eu sabia o que eu queria fazer, e muito.
―Você... você se livrou do vestido rápido,‖ ela disse quase sem fôlego entre nossa respiração pesada.
Estávamos ofegantes, eu podia sentir que ambos queríamos isso. Ela também queria. E eu queria há bastante tempo. Com dificuldade ela completou a frase. ―Eu pensei que você gostava dele.‖
―Eu gosto,‖ eu disse. Minha respiração tão intensa quanto a dela. Percebi que ela poderia estar nervosa por estar nua comigo, mas tentei deixá-la o mais relaxada possível. ―Eu amo.‖
E a levei para minha cama. Rose Hathaway em minha cama, tudo o que eu tinha desejado nesse longo período de treinamento.
VINTE E UM
Deitados por cima das cobertas, eu abracei Rose e fiquei beijando aquela boca que eu tanto desejei. Nos beijamos, beijamos, beijamos, em alguns momentos a beijei suavemente, em outros meu desejo de ficar com ela era tanto, que a beijava de modo intenso.
Eu podia sentir o nervosismo de Rose, por estar aqui na cama comigo, nossos corpos respondendo ao desejo de nossas mentes. Eu precisava tomar cuidado com ela. Apesar do que todos pensavam, eu tinha certeza que ela nunca tinha feito isso antes. Eu olhava para ela, para o corpo dela, e ela respondia ao meu olhar, ao meu toque. Ela era sexy e eu sentia algo mais, eu gostava de estar com ela, apenas fazendo carinho, apenas ficando bem perto da minha Roza. Tudo isso parecia muito surreal, eu não conseguia manter a minha mente, eu só a desejava mais e mais. Minhas mãos passeavam por todo seu corpo, querendo mais de Rose, eu comecei a murmurar seu nome em russo, várias e várias vezes. Roza, Roza...
No meio de tudo isso, uma voz gritava em minha cabeça para que eu urgentemente me afastasse, para eu não ir em frente.
Eu queria muito continuar, mas ao mesmo tempo eu sabia do nervosismo que ela estava sentindo. Era a primeira vez dela com um homem, isso eu já não me questionava mais, eu tinha certeza. Ao mesmo tempo em que havia excitação, havia o receio, o pudor do desconhecido.
Era difícil acreditar, pois todos os garotos comentavam dela e diziam sobre o seu corpo parecer o de uma deusa. Mas nesse momento eu sabia que nenhum deles estiveram com ela como eu estava agora.
Eu percebia que nem sempre ela sabia como agir. Era eu quem estava conduzindo a situação. Pensei em tirar minhas calças mas a voz gritou novamente na minha cabeça. Não, eu não podia fazer isso, era a primeira vez de uma garota. Uma adolescente e eu era um guardião. O que estávamos fazendo era completamente proibido. Eu precisava ir com calma.
Ela deslocou e ficou por cima de mim. O seu cabelo caia, envolvendo seu rosto e esbarrando em minha pele.
Virei minha cabeça levemente, para inalar o perfume de seus cabelos macios, era como no dia do avião, na enfermaria e até mesmo durante os treinos. Ela tinha um cheiro gostoso.
Quando eu inclinei minha cabeça, seus dedos tocaram minha nuca. Eu senti um arrepio intenso percorrer minha espinha, seu toque me desconcertava. Percebi que ela passava os dedos pelas minhas tatuagens molninja
―Você realmente matou seis Strigoi?‖ Confirmei com a cabeça, porque essa menina estava pensando em Strigois agora, quando estava nua em cima de mim? ―Wow‖ ela respondeu. Deveria estar realmente nervosa e sem graça.
Eu puxei sua cabeça para perto de mim, para beijá-la no pescoço e tentar retomar o clima. Eu estava realmente excitado e não queria que ela estragasse tudo com tatuagens molninja, ou mortos-vivos. ―Não se preocupe. Você vai ter muito mais tatuagens que eu um dia.‖
―Você se sente culpado?‖
―Hmm?‖ Do que ela estava falando meu Deus?
―Por matá-los. Você disse na van que era a coisa certa a se fazer, mas ainda sim incomoda você. É por isso que você vai à igreja, não é? Eu vi você lá, mas você não estava trabalhando.‖
Eu sorri. Estava surpreso de perceber que ela tinha uma habilidade incrível de me entender. Ela sabia me ler através dos meus olhos, através das minhas atitudes. ―Como você sabe essas coisas? Eu não sinto culpa exatamente... só triste algumas vezes. Todos eles eram humanos ou dhampir ou Moroi. É um desperdício, só isso, mas como eu disse antes, é algo que eu tenho que fazer. Algo que nós todos temos que fazer. Algumas vezes me incomoda, e a igreja é um bom lugar para pensar sobre esse tipo de coisa. Às vezes eu encontro paz lá, mas não freqüentemente. Eu encontro mais paz com você.‖
Eu a rolei para baixo novamente, me colocando por cima. Voltei a beijá-la mais rápido, mais quente, mais urgente. Eu desejava que
ela não falasse mais de Strigois, nem de igreja, apenas que ficasse quietinha e aproveitasse o nosso momento, eu teria outras técnicas para deixá-la mais relaxada.
Com muito cuidado minhas mãos se enroscaram em seu colar, eu queria ela nua, sem nada em minha cama, e isso incluía jóias. Desatei o colar e o coloquei na cabeceira da minha cama. Nessa hora eu senti como se alguém tivesse jogado um balde de gelo na minha cabeça.
―O que aconteceu? ―Eu perguntei confuso. Olhando para ela.
Santo Deus do Céu. A situação agora estava clara para mim. Eu estava por cima de Rosemarie Hathaway.
E ela estava completamente nua.
―Eu-eu não sei.‖ Ela me respondeu, parecendo confusa também. Eu fiz uma careta. Algo estava nos fazendo agir estranhamente. Será que tinha algo a ver com aquele colar? O fogo e a vontade que eu sentia de tocar Rose desapareceu quase por completo quando eu tirei o colar do pescoço dela.
Depois de alguns momentos pensando, eu peguei o colar novamente. O desejo me dominou. Eu movi minhas mãos ao quadril de Rose novamente. Olhava em seus olhos, aquela vontade ardente gritava por mim, eu a desejava tanto.
Movi meus lábios em direção aos dela novamente.
―Lissa‖ ela sussurrou, mantendo seus olhos fechados e apertados. ―Eu tenho que te contar algo sobre a Lissa. Mas eu não consigo... lembrar... eu me sinto tão estranha...‖
―Eu sei.‖ Ainda mantendo o corpo de Rose contra o meu, eu coloquei minha bochecha contra sua testa. ―Tem algo... algo aqui...‖ eu coloquei minha face longe da dela. ―O colar. Esse é aquele que o Príncipe Victor te deu?‖
Ela confirmou. Ele era, se eu não estivesse errado, um usuário de terra. Ele pode ter colocado um feitiço compulsório aqui. Eu respirei fundo, e fiz um esforço para manter minhas mãos longe dela.
―O que você está fazendo?‖ ela exclamou. ―Volte aqui...‖
Oh, eu a queria tanto, queria voltar agora mesmo para seus braços, e sentir seu corpo, queria muito. Mas me forcei a continuar me afastando dela, apesar de olhá-la com muita vontade, querer seduzi-la por completo nesse momento. Fui para perto da janela, onde um vento gelado inundou o quarto.
―O que você está fazendo com-?‖ Ela pulou da cama, em minha direção, ―Não! Você sabe o quanto isso deve-?‖
O colar voou pela janela, Rose estava no meio do quarto, completamente em choque, ela voltou para cama, ainda estava nua, e tão perto de mim...
“Lissa” ela engasgou.
Rapidamente ela me contou o que tinha acontecido com a princesa e o porquê dela ter vindo me procurar no meu dormitório.
Lissa e Christian Ozera estavam no sótão da igreja, quando guardiões bateram nele e levaram Lissa.
Eu estava caminhando pelo quarto enquanto ela terminava a história. Ordenei que ela se vestisse rapidamente. Fui colocar uma roupa também e dei a Rose um moletom escrito Cyrillic para ela usar por cima do vestido preto.
Desci rapidamente as escadas. Percebi que Rose corria para me alcançar, mas eu não diminui minha velocidade. Talvez eu quisesse salvar Lissa e fugir do que tinha acontecido entre nós.
Foram feitas ligações, algumas ordens iam sendo executadas, em instantes estávamos no escritório dos guardiões.
VINTE E DOIS
Roza gritou com eles para se apressarem, mas ninguém, exceto eu estava acreditando em sua história, até que alguém encontrou Christian Ozera e verificaram que Lissa não estava no campus.
Christian entrou assustado, suportado por dois guardiões. A médica apareceu logo depois, pra ver seus ferimentos.
―Quantos Strigoi eram?‖ Um dos guardiões questionou Rose.
―Como diabos eles entraram?‖ murmurou mais alguém.
Olhando para Rose, percebi que ela estava confusa. ―O q-? Não eram Strigoi.‖
―Quem mais a teria levado?‖ Diretora Kirova perguntou. ―Você deve ter visto errado pela... visão.‖
―Não. Eu tenho certeza. Era... eles eram... guardiões.‖
―Ela está certa,‖ murmurou Christian. Ele recuou quando a doutora fez algo na sua cabeça. ―Guardiões.‖
―Isso é impossível‖ Stan disse.
―Eles não eram guardiões da escola.‖ Rose esfregou sua testa, percebi que sua irritação estava aumentando. ―Dá pra vocês se mexerem? Ela está se afastando!‖
―Você está dizendo que um grupo de guardiões particulares vieram seqüestrá-la?‖ Kirova ainda não estava acreditando.
―Sim,‖ Rose respondeu cerrando os dentes ―Eles...‖
Ela estremeceu e sua expressão começou ficar em branco novamente, como todas as outras vezes.
―O que está acontecendo?‖ Diretora Kirova perguntou nervosa.
―Ela esta na cabeça de Lissa.‖ Eu respondi tentando manter a calma.
―Na cabeça de Lissa?‖ Ela perguntou duvidando. Ela sempre duvidava disso, ainda não entendia a razão.
―Faz parte do laço.‖ Será que Kirova não tinha prestado atenção quando eu disse isso para ela em outra ocasião?!
Todos ficaram em silêncio. Finalmente Rose voltou para sua própria mente.
―Eles trabalham para Victor Dashkov.‖ Ela engasgou. ―Eles são dele.‖
―O príncipe Victor Dashkov?‖ Stan perguntou com um pigarro. Como se existisse outro Victor Dashkov.
―Por favor,‖ Rose gemeu, segurando a cabeça com as duas mãos. ―Façam algo. Eles estão se afastando. Eles estão... Oitenta e três. Indo para o sul.‖
―Oitenta e três já? Há quanto tempo eles partiram? Porque você não veio antes?‖
Rose olhou ansiosamente para mim, ela não sabia o que responder. Com certeza esperava que eu arranjasse melhores explicações.
―Um feitiço compulsório.‖ Eu disse devagar para não nos comprometer. ―Um feitiço compulsório colocado no colar que ele deu a ela. Fez ela me atacar.‖ Ela realmente me atacou, mas não da forma que eu gostaria que os outros entendessem. Ela me atacou de uma forma doce, uma forma que eu queria que acontecesse. Decidi que eu não estava mentindo em momento algum, apenas omitindo os detalhes da nossa luta.
―Ninguém pode usar esse tipo de compulsão,‖ exclamou Kirova. ―Ninguém faz isso há séculos.‖
―Bom, alguém fez. Até a hora que eu a contive e peguei o colar, muito tempo tinha passado,‖ Eu disse. Ninguém questionou minha história. Acho que é porque minha reputação era muito boa. Eu nunca tinha perdido a cabeça com alunas, não até agora. Rose colocaria essa minha boa imagem em risco.
Finalmente começamos a nos organizar para busca de Lissa. Ninguém queria que Roza nos acompanhasse. Mas eu consegui convencê-los de que ela poderia nos dizer onde Lissa estava. Ela era a única que teria essa certeza.
Três guardiões saíram, e Rose foi comigo em outro carro. Eu dirigi.
A única hora que nos falamos foi quando Rose começou a falar onde eles estavam.
―Eles ainda estão na Oitenta e três... mas a volta está vindo. Eles não estão correndo. Eles não querem ser parados.‖
Eu apenas confirmei, não olhei para ela.
Estávamos em alta velocidade, além do limite da estrada, era arriscado, mas eu precisava chegar logo até Lissa para compensar minha falha. Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse a ela, e sei que Roza também não. Eu corria para alcançá-la e para tentar fugir e esquecer o que tinha passado momento atrás, mas a pergunta é: eu queria esquecer? Como poderia esquecer da Roza nua em minha cama? Doce, frágil, um pouco tímida, mas ainda assim estonteante e linda.
Aqueles momentos ficaram repassando diversas vezes em minha mente, e eu sei que Roza devia estar pensando a mesma coisa.
No caminho para o carro, eu disse a ela que havia realmente um feitiço no colar. Um feitiço de luxúria. Ela me pediu mais informações, mas eu só disse a ela que era um antigo feitiço feito pelos usuários de terra que hoje em dia não era mais praticado. Eu omiti o fato de que sabia como o feitiço funcionava. Para o feitiço da luxuria funcionar as duas pessoas envolvidas precisavam querer uma a outra. Eu não queria que Rose soubesse o quanto eu estava gostando dela. Era inapropriado para nós, era completamente errado. Eu pensei: meu Deus eu sou sete anos mais velho que ela. Ela ainda não é maior de idade, não se formou, é minha aluna, minha... minha Roza.
É por isso que eu sabia que ela também deveria estar repassando nossos momentos juntos em sua mente, para o feitiço ter funcionado é porque ela também estava interessada em mim. Confesso que fiquei feliz por ter certeza das minhas suspeitas.
―Eles estão fazendo a curva,‖ ela disse repentinamente ―Eu não consigo ver o nome da rua, mas eu vou saber quando estivermos perto.‖
Eu resmunguei algumas palavras em russo. Eu fazia muito isso quando ficava nervoso ou irritado, era a força d hábito. Ela afundou no banco.
Eu não conseguia parar de pensar que ela também me queria. Por isso o colar funcionou, se ela não estivesse interessada não teria funcionado. É eu já tinha chegado nessa conclusão, mas eu precisava reforçar mais uma vez.
―Ali,‖ ela disse uns minutos depois.
Continuei dirigindo em silêncio. Poeira cobriu as janelas, fazendo um redemoinho ao nosso redor.
―Eles fizeram outra curva.‖
Eles foram cada vez mais longe das vias principais, e nós os seguimos pelas instruções de Roza.
―Eles estão fora de uma pequena cabana.‖ Ela disse ―Eles estão levando ela-―
Ela parou de falar, e sua expressão estava vazia novamente. Eu já estava me acostumando com isso. Rose estava na mente de Lissa mais uma vez.
―Rose‖ eu chamei. Essa não era uma boa hora pra ela fazer isso.
Mas claro que ela não poderia sair assim tão fácil. Então continuei dirigindo em silêncio.
De repente Rose deu um grito que preencheu o silêncio da SUV.
Freei bruscamente assustado. E dei um olhar de alerta para ela, no mesmo instante já estava parando para descer.
―Não, não! Continue. Nós temos que chegar lá!‖ Sua voz estava aterrorizada. Qualquer coisa que estivesse acontecendo com a sua melhor amiga, eu podia ter certeza de que era algo terrível.
Do banco de trás Alberta se inclinou e colocou as mãos no ombro de Rose. ‖Rose, o que está acontecendo?‖
―Eles estão torturando ela... com ar. Esse cara... Kenneth... está fazendo uma pressão com ele, na cabeça dela. A pressão é insana. É como se – o crânio dela fosse explodir.‖ Ela começou a gemer e soluçar como se fosse chorar a qualquer momento.
Olhei para Rose de canto de olho e acelerei ainda mais. Eu não suportava a ver sofrendo nesse estado. E eu sabia que isso estava afetando ela e Lissa.
Rose continuou conosco, mas às vezes via o que estava acontecendo para nos contar. Um dos caras, Kenneth, estava abusando de Lissa com seu elemento, o ar. Roza nos contou que Lissa foi obrigada a curar Victor e de frágil e instável ele se tornou novo e bem saudável novamente. Eu praguejava em Russo mais uma vez.
Quando estávamos alguns km da cabana, Alberta fez uma ligação, avisando a todos que iríamos descer aqui.
Todos os guardiões – éramos mais de 12 – saímos para planejar uma estratégia. Quando estávamos prontos para iniciar a busca, Rose começou a sair do carro.
―Não, Roza. Você fica aqui.‖ Eu disse gentilmente, eu não suportaria se algo acontecesse com ela. Eu não estaria ao seu lado para defende-la, ela ainda era uma menina. E uma menina linda que tinha roubado o meu coração.
―Pro inferno com isso. Eu tenho que ir ajudá-la.‖
Bem, ela era uma menina um pouco desrespeitosa e selvagem ainda. Mas eu estava aprendendo a domá-la. Peguei seu queixo com a minha mão. Ela estava determinada a ajudar. Com certeza
seria uma excelente guardiã. ―Você a ajudou. Seu trabalho está feito. Você fez muito bem. Mas esse não é um lugar pra você. Ela e eu, ambos precisamos que você fique segura.‖
Ela parou de protestar e concordou comigo. Eu a deixei e fui encontrar com os outros. Nos escondemos atrás de algumas árvores.
Quando eu olhei para trás. Ela estava chutando o banco da SUV e em seguida se deitou. Ótimo, minha Roza tinha me ouvido, pelo menos dessa vez ela iria me obedecer. Assim eu esperava.
VINTE E TRÊS
Nós rastejamos pelo meio da floresta em direção a cabana. O plano era arrombar a porta e tomar os guardiões.
Dois guardiões iriam ficar do lado de fora, rondando o perímetro para ter certeza que ninguém escapou.
Alberta cuidaria da princesa, eu e os outros iríamos atrás de Victor.
Nós paramos entre algumas árvores. Estávamos bem próximos da cabine agora. Acenei para Alberta dando o alerta para ela correr. Chutei a porta da cabana arrebentando-a. Pegamos todos de surpresa. As coisas começaram a ficar violentas quando alguns guardiões apontaram um revólver para nós. Movimento errado.
Nós também estávamos preparados para isso. Um dos nossos atirou em dois guardiões de Victor.
―Belikov!‖ Alberta gritou. ―Ela não esta aqui.‖
―Vá encontrá-la‖ eu gritei de volta. Ela me deu um aceno com rápido e saiu pela porta. Ouvi latidos à distância e em seguida tiros. Acho que não precisaria me preocupar, pois imaginei que era Alberta atirando.
Quando capturamos Victor e o resto de seus guardiões, mandei três dos nossos homens ficarem com eles enquanto eu puxava uma das SUVs para mais perto. Era apenas uma questão de segurança.
Eu estava feliz que Rose ainda esta lá.
Quando entrei no carro, percebi que estava completamente enganado. Ah Roza porque você fez isso comigo?! Eu deveria imaginar que você não ia me obedecer. Meu coração estava batendo rápido, eu poderia dizer que estava nervoso, ansioso talvez, e até mesmo com medo de que algo tivesse acontecido com aquela garota desobediente.
Não saber onde ela estava tinha liberado mais adrenalina em meu organismo do que durante a captura de Victor e seus guardiões.
Uns minutos depois, quando todos estavam dentro das SUVs vi Lissa saindo da floresta, ela estava apoiada em Christian. Olhando bem, eu não sabia dizer se era Christian quem estava apoiado nela. Eu não sei como ele veio parar aqui, mas vendo ambos relativamente bem, eu não estava tão preocupado, meu coração ainda clamava por outra pessoa. Alberta veio em seguida, saindo de trás de outras árvores carregando Rose. Eu corri para tomar Rose em meus braços.
―O que aconteceu?‖ Eu perguntei.
A maioria dos guardiões estavam ao nosso redor. ―Bem eu encontrei Lissa rodeada por psi-hounds. Rose estava tentando mantê-los afastados. Então eu atirei. Notei que o Sr. Ozera estava inconsciente. Lissa se curvou contra ele, estendendo suas mãos, mas nada aconteceu, no momento eu não entendi muito bem, então Rose estendeu seu pescoço e deixou que Lissa bebesse seu sangue. E ai aconteceu uma coisa maravilhosa, que eu nunca esperava ver em toda minha vida. Lissa tocou Christian e o curou, todos os seus ferimentos, suas marcas deixadas pelos Psi-Hounds já não existiam.‖ Ela concluiu em um tom de voz como se realmente fosse inacreditável, bom e era. Todos olharam para Lissa. Mas ela e Christian já tinham entrado na SUV e pareciam estar cansados. Eu gentilmente coloquei Rose no banco do passageiro e me virei para os outros.
―Nós vamos discutir tudo mais tarde‖. Todos concordaram e pegaram seus carros para se dirigir a Academia. Eu dirigi o carro levando Roza e os outros. Mas a viagem de volta me pareceu tão longa, não chegávamos nunca, cheguei à conclusão que foi porque estava ansioso para levar Rose até a clínica, ela estava fraca, e pálida.
A única coisa que tinha acontecido com ela, era que Lissa tinha bebido um pouco do seu sangue, por isso ela estava assim, mas eu queria ter certeza disso.
***
Quando chegamos à Academia, carreguei Rose até a enfermaria. Eu não iria ficar por perto para ver o que ia acontecer. Eu sei que ela estaria bem. Em outra ocasião eu permaneci ao lado dela, pois ela tinha me pedido.
Dessa vez, eu sei que se ela estivesse com um pouco mais de forças pediria também, mas eu não queria enfrentar seus olhos. Se eu não me conhecesse bem, diria que eu estava sendo um covarde. No final das contas, eu estava mesmo, com medo de uma adolescente, que meu coração e minha mente viam como mulher.
Fiquei sabendo que dentro de dois dias Rose já estava bem melhor. Eu não a visitei. Eu não podia. Decidi que seria melhor se ela achasse que eu não me importava. Era melhor ela pensar que eu nunca estive afim dela realmente, que tudo foi um feitiço bem feito do colar, e que fora daquele efeito eu a via apenas como minha aluna, no máximo uma amiga e futura colega de trabalho, nada mais. Isso não deveria continuar. Qualquer sentimento que havia entre nós deveria acabar completamente. E eu faria o possível para que isso acontecesse.
Eu estava decidido a ser mais profissional durante as tarefas, fazer com que Roza me esquecesse completamente. Ela veria meu desprezo e logo arranjaria outro para ocupar meu lugar em seu coração. As adolescentes são assim, se iludem facilmente, e uma desilusão antecipada seria o melhor para ela, daria tempo dela se recuperar rapidamente. E quanto aos meus sentimentos? Bem eu prometi a mim mesmo que iria lidar com isso, iria esquecê-la. Tentaria pelo menos. Acho que se logo eu a visse com outro, isso poderia me ajudar.
Iria me focar em Lissa e em meu trabalho. Roza seria como uma fantasia que de fato nunca deveria acontecer. Como um temporal de verão que devasta por onde passa, mas acaba rápido. Paixão fugaz. E se eu não me esquecesse do nosso romance passageiro? Será que era impossível esquecer aqueles olhos castanhos? Aquele cabelo macio, seu perfume, sua pele na minha, sua boca com sede dos meus beijos? Não, não era impossível esquecer, porém era improvável. Mas eu estava determinado a guardar esses sentimentos no fundo do meu coração, e ela jamais descobriria a verdade sobre eles.
Eu me mantive afastado dela durante os treinos, preferi suspender as aulas por tempo indeterminado, pelo menos até eu me concentrar mais na minha decisão e conseguir ser o mais profissional possível ao lado dela.
Uns quatro dias depois do seqüestro de Lissa, ela me encontrou sozinho no ginásio, ela veio pegar sua mochila e ficou congelada ao me ver.
Eu também estava congelado por dentro, pensei em passar reto e ignorá-la completamente, mas ela não tinha feito nada de errado para que eu a tratasse dessa forma. Eu mesmo estava criando um clima ruim entre nós. Ponderei minhas palavras.
―Rose...‖ comecei depois desse momento desconfortável. ―Você precisa reportar o que aconteceu. Com a gente.‖
―Eu não posso fazer isso. Eles vão despedir você. Ou pior.‖ Ela disse.
Será que ela se importava tanto assim comigo? Ela não queria que eu fosse despedido?
―Eles deveriam me demitir. O que eu fiz foi errado.‖
Seria o melhor mesmo que eles me mandassem embora, seria o melhor para eu esquecê-la, mas como?
Como eu iria viver sem olhar aquele rosto adorável todos os dias? Não, eu preferia me esquecer dela, com ela por perto, bem perto de mim, seria mais fácil assim.
―Você não podia impedir. Era o feitiço...‖ Ela tentou argumentar. Na verdade ela não sabia como esse feitiço agia. Eu poderia impedir, se eu jamais tivesse me interessado nela.
―Não importa. Foi errado. E idiota.‖
Ela mordeu os lábios, eu tive a impressão que ela iria chorar. Eu não agüentaria vê-la chorando, por causa das minhas palavras rudes.
―Olha, não é grande coisa.‖ Ela me disse com os olhos cheios de lágrima.
Porque você estava fazendo isso com ela Dimitri? Eu me perguntei. Ela não merece isso.
―É grande coisa! Eu me aproveitei de você.‖
―Não. Você não se aproveitou.‖ Ela disse.
Eu tentei uma tática diferente, ela precisava me esquecer.
―Rose, eu sou muitos anos mais velho que você. Em 10 anos, isso não significaria muito, mas agora, é bastante. Eu sou um adulto. Você é uma criança.‖ Eu disse.
Eu estava me odiando por isso. Eu me sentia detestável. Ela não era uma criança, ela tinha uma maturidade incrível, um corpo e uma cabeça de adulta, com o jeito doce e respondão de uma criança, ela era completamente única.
Ela se encolheu com o teor das minhas duras palavras. Eu queria tomá-la em meus braços e dizer que tudo ficaria bem, confortá-la e pedir desculpas por isso. Dizer a ela, que não foi bem o que eu quis dizer.
―Você não pareceu achar que eu era uma criança quando estava em cima de mim.‖
Ouch, essa me pegou embaixo, eu realmente, não tinha a visto como uma criança, o corpo dela era incrível, ela era muito sensual.
―Só porque o seu corpo... bom, isso não faz de você uma adulta. Nós estamos em dois lugares bem diferentes.Eu estive no mundo. Eu estive sozinho. Eu matei, Rose – pessoas,não animais. E você... você está apenas começando. Sua vida é sobre dever de casa, roupas e bailes.‖
―É só com isso que você acha que eu me importo?‖ Ela perguntou nervosa.
―Não, é claro que não. Não totalmente. Mas é tudo parte do seu mundo. Você ainda está crescendo e descobrindo quem você é e o que é importante. Você precisa continuar fazendo isso. Você precisa ficar com caras da sua idade.‖
Era duro dizer isso, apesar de eu ter ponderado que seria o melhor e o mais fácil para ambos, dizendo isso agora me doía.
Eu não conseguia pensar nela nos braços de outro garoto, não conseguia pensar outro garoto a tocando como eu toquei.
Veio em minha mente a imagem dela de mãos dadas com Ashford. Não, nenhum outro garoto a trataria do jeito que eu iria tratar, garotos da idade dela só pensavam em sexo. Eles não sabiam ser carinhosos, pacientes, jamais saberiam o que uma mulher precisa, o que Roza precisava.
―Mesmo que você escolha não dizer nada, você precisa entender que foi um erro. E nunca vai acontecer de novo,‖ eu acrescentei tentando fazer com que ela desistisse de procurar outros caras, eu definitivamente não a queria com eles, ela deveria ficar apenas pensando em roupas, baile, e focar sua mente para defender Lissa. Garotos não.
―Porque você é muito velho pra mim? Porque não é responsável?‖ Ela lançou essas palavras sobre mim, ela estava completamente alucinada e apaixonada por mim também.
Um pensamento me ocorreu. Um que eu tive certeza que daria um rumo final na história. Eu mantive minha face sem a menor expressão. ―Não. Porque eu simplesmente não estou interessado em você desse jeito.‖
Wow, isso doeu mais em mim do que nela. Foi a coisa mais difícil que eu precisei falar.
Ela me fitou. Acredito ter causado o efeito que eu queria. Efeito de decepção.
―Isso só aconteceu por causa do feitiço. Você entendeu?‖ Eu tentei de novo deixar claro que era por causa do feitiço. Quem dera que fosse só um feitiço, se existisse algum, esse se chamava feitiço Rose Hathaway.
Ela concordou ―É. Eu entendi.‖
Ela saiu andando e me deixou sozinho no meio do ginásio, eu estava chocado. Foi tão fácil, ela aceitou tudo tão bem. Realmente eu estava certo. Adolescentes se apaixonavam da mesma forma que desencanavam.
Foi bem fácil para ela aceitar que eu não estivesse interessado. Mais fácil do que seria para mim agora.
Ela logo arranjaria outro, e eu teria que agüentar ver esse outro tocando a Roza, minha Roza.
VINTE E QUATRO
No dia seguinte, antes do horário de aulas começar, Alberta veio me encontrar depois do turno.
―Belikov, eu preciso que você ajeite essa papelada e deixe com Nagy antes da aula começar.‖ Ela disse. ―Eu mesma faria, mas a diretora Kirova quer falar comigo em seu escritório.‖
Eu concordei e peguei o maço de papéis que ela carregava. ―Ok, eu estava indo para lá de qualquer forma.‖
Ela me deu um tchau apressado e saiu andando.
Segui meu rumo e fui até a sala de Artes Eslava.
Mesmo antes de eu entrar ali, eu pressenti que havia algo estranho. Tirei minha estaca do cinto e dei uma olhada perto da porta. A sala estava escura, mas eu vi um corpo bem próximo da entrada jogado no chão. Me aproximei rapidamente, me mantendo em alerta.
Era Nagy. Sua garganta estava dilacerada, mas não havia sangue algum no chão.
Strigoi. Alguém havia se tornado um Strigoi.
Eu peguei meu celular e liguei para Alberta rapidamente. Ela atendeu.
―Que foi Belikov?!‖ Ela soava impaciente.
―Nagy está morto.‖ Eu disse. ―Alguém o matou.‖
Ela se afastou do telefone e disse alguma coisa, provavelmente para diretora Kirova. ―Nós estamos indo ai.‖
Ela desligou. É óbvio que Alberta compreendeu o que significava minha frase. Algum Moroi provavelmente havia tomado uma decisão.
Eu desconfiei de uma pessoa. Apenas ela teria razão para fazer isso. Natalie Dashkov. Ela faria qualquer coisa pelo pai.
Eu desci correndo até a cela onde Victor estava sendo mantido.
Os guardiões que estavam tomando conta do local, estavam no chão, inconscientes, mas não mortos.
Eu estava certo. Tudo indicava que Natalie tinha se tornado um… Oh Meu Deus. Ela jogou Rose contra a parede. Ela devia ter sentido uma dor bem forte na cabeça com a pancada.
Eu corri pelo corredor. Distraindo Natalie o suficiente para conseguir fazer com que ela parasse e se esquecesse de Rose.
Eu e Natalie circulamos juntos, esperando um momento para o ataque. Ela tinha uma super força agora, mas na verdade ela ainda não sabia como usá-la.
Eu sabia usar o que eu tinha em mãos, treinei durante muitos anos. Depois de dar e receber alguns golpes, eu me movi. Minha estaca entrou diretamente em seu coração. Ela gritou e caiu no chão.
Depois de alguns segundos, eu vi que ela parou de se mexer. Nesses anos de treinamento eu tinha aprendido algumas coisas básicas, eu jamais deveria hesitar, não pensei em quem era ela. Nesse momento ela não era mais a Natalie, se eu tivesse me lembrado da Natalie Moroi, talvez tivesse sido o suficiente para eu estar morto agora. E antes de tirar minha estaca do seu peito, observei bem se ela estava realmente morta, era outra lição que eu tinha em mente. Jamais largue um Strigoi sem ter certeza que ele realmente se foi. Strigois são criaturas muito fortes, e se regeneram com facilidade.
No minuto seguinte eu estava sobre Rose, escorreguei meus braços por baixo de suas pernas e troncos, levantando-a.
―Ei, Camarada,‖ ela murmurou. A voz dela soava como alguém que estivesse com bastante sono. ―Você estava certo sobre o Strigoi.‖
Os olhos dela começaram a se fechar. ―Rose. Roza. Abra seus olhos.‖
Minha voz estava tensa e frenética. Meu coração ficava apertado só de pensar em perder essa menina para uma coisa pior do que qualquer outro garoto.
―Não vá dormir agora. Ainda não.‖ Quando eu fiz um curso de primeiros socorros aprendi que uma pessoa quando bate a cabeça não deve dormir, jamais devemos deixar a pessoa dormir, devemos mantê-la consciente, pois ela pode ter uma séria concussão e acarretar em problemas piores, como um coma.
Tentei manter Roza acordada, eu estava realmente tenso.
Eu estava correndo até a enfermagem. Meu Deus ela não pode morrer
Ela piscou para mim. ―Ele estava certo?‖
―Quem?‖ Perguntei, acreditando que Roza estivesse delirando com a pancada, mas era melhor mantê-la falando.
―Victor... ele disse que não teria funcionado. O colar.‖
Ela adormeceu novamente, e eu dei uma chacoalhada nela, para mantê-la acordada. Ela ainda não poderia ficar inconsciente. ―O que você quer dizer?‖
―O feitiço. Victor disse que você tinha que me querer... que se importar comigo... para funcionar.‖
Maldito, maldito Victor Dashkov ele havia contado para Rose. Ou será que ela estava blefando? Não, ela estava muito inconsciente para blefar com alguma coisa. Eu resolvi não responder. Eu não queria que ela soubesse dessa verdade. Ela tentou se agarrar em minha camisa, mas estava muito fraca para qualquer coisa. ―Você queria? Você me queria?‖ Ela perguntou de novo.
Minha voz estava embargada, devido à emoção de assumir uma coisa que meu coração desejava, mas que minha mente e minha situação nessa Academia me proibiam. ―Sim, Roza. Eu queria você. Eu ainda quero. Eu queria... que nós pudéssemos ficar juntos.‖
Falei mais do que o necessário, mas eu estava em pânico, ela estava desfalecendo em meus braços. A pancada havia sido bem forte, eu precisava que ela soubesse o que eu sentia por ela, quem sabe ela tentaria se manter viva e consciente por mim, por mim Roza, eu pensei.
―Então porque você mentiu pra mim?‖
Cheguei na enfermaria nesse instante e chutei a porta para que abrisse. Era um pouco difícil abrir enquanto eu a segurava. Eu gritei por ajuda.
―Porque você mentiu?‖ Ela murmurou de novo.
As enfermeiras começaram a chegar cada vez mais perto. Eu olhei para ela, eu a amava tanto, ela merecia a verdade.
―Porque nós não podemos ficar juntos.‖
―Por causa da coisa da idade, certo? Porque você é o meu mentor?‖
Eu gentilmente limpei uma lágrima que escorria em sua bochecha, eu não suportava vê-la chorando, mas eu sabia que ela me amava da mesma forma, ela estava sofrendo do mesmo jeito que eu estava sofrendo, mas ela não conseguia segurar suas emoções como eu conseguia, eu precisava ser forte. ―Isso é parte do motivo, Mas também... bem, você e eu seremos guardiões de Lissa algum dia. Eu preciso protegê-la a todo custo. Se um grupo de Strigoi vier, eu preciso jogar meu corpo contra o dela para protegê-la‖
―Eu sei disso. É claro que é isso que você tem que fazer.‖
Ela estava desfalecendo novamente.
―Não. Se eu me apaixonar por você, eu não vou me jogar na frente dela. Eu vou me jogar na sua frente.‖ Eu já estava apaixonado. Completamente apaixonado. Eu já pensava mais nela do que em qualquer Moroi que eu precisasse defender. E a prova disso, era esse momento, eu queria vê-la bem, estava falando verdades com a intenção de mantê-la acordada e consciente.
Um grupo de médicos a tomaram de meus braços.
Eu esperava que não fosse tarde demais.
***
Roza acabou ficando na enfermaria por alguns dias. Claro, teria sido muito mais tempo se Lissa não tivesse usado seus poderes. Todos ficaram perplexos com a notícia de que havia outro elemento: Fogo, Terra, Ar, Água e... Espírito.
Victor Dashkov foi encontrado antes de sair da Academia e já estava na prisão novamente. A escola estava alvoroçada com tantos seqüestros.
Roza se recuperou completamente.
Ninguém suspeitava de nada que havia acontecido entre nós.
Eu era seu mentor, Rose era minha estudante, apenas isso. Até porque eu voltei há tratá-la como qualquer outra aluna. As vezes era rígido e profissional. Continuei dando dicas e ensinando técnicas a ela. Apenas nós sabíamos o que cada um sentia sobre o outro.
Algumas vezes nosso olhos se encontravam daquele jeito especial, e eu ficava horas pensando naquele olhar que ela me lançava, desejando saber o que passava por aquela mente, mas na maior parte do tempo resolvi manter distância.
Como eu disse à Roza, eu não poderia amá-la. Eu precisava proteger Lissa. E ela também.
Quem sabe? Talvez um dia nós até pudéssemos arrumar uma solução para o nosso problema, e ai sim poderíamos ficar juntos.
Mas até lá eu iria me manter focado no meu trabalho.
Maryah
Maryah
Administradora
Administradora

Mensagens : 163
Data de inscrição : 05/01/2010
Idade : 33
Localização : Florianópolis-SC

https://anjos-caidos.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏ Empty Re: Fic: Vampire Academy - Ponto de Vista Dimitri Belikov‏

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 :: PRINCIPAL :: Fanfics

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos